São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2001

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LITERATURA

"Diário de um Imigrante" e "A Cocanha" retratam a viagem, a chegada e as decepções dos europeus no Brasil

Livros abordam imigração italiana e alemã

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Dois livros que estão sendo lançados em Porto Alegre, por duas editoras diferentes, tratam, ambos, da imigração européia para o Rio Grande do Sul.
As duas obras se complementam, na medida em que uma aborda a imigração italiana e a outra, a alemã.
Trata-se das duas imigrações européias que atingiram com intensidade o Sul do Brasil a partir do século 19, quando a América recentemente havia sido libertada e procurava atrair mão-de-obra para diversificar suas culturas no campo e estimular uma incipiente industrialização nas cidades.

Italianos
Sobre a colonização italiana, o autor é José Clemente Pozenato, o mesmo de "O Quatrilho", livro que inspirou o filme homônimo de Fábio Barreto.
Em "A Cocanha" (Mercado Aberto), José Clemente Pozenato procura mostrar os dramas dos imigrantes na chegada ao Brasil.
O autor busca as origens da imigração na aldeia de Roncà, de onde camponeses pobres deixavam a Itália, partindo para o porto de Gênova e, depois, para a América.
É relatada a viagem, a chegada ao Brasil e as decepções sofridas por um povo que vislumbrava uma terra e um futuro dourados.
O termo "cocanha" foi documentado pela primeira vez no século 12. Refere-se a um modelo de sociedade utópica, no qual há fartura plena. Tal visão foi promovida pela própria propaganda brasileira. O país queria atrair trabalhadores europeus.
"Na frente, um homem traz nos ombros uma menina com guirlandas nos cabelos. Dois passos atrás, o rosto arroxeado pelo vento frio, um jovem imberbe ergue bem alto o galhardete, feito em pano de lençol. Nele se lê, em grandes letras tortas: Viva la Mérica (...)", assim inicia-se o novo livro de Pozenato.

Visão alemã
Na visão alemã do início da colonização, o "Diário de um Imigrante" (Maneco), escrito e ilustrado pela artista plástica Rita Brüger, tem a condução do imigrante Johann Ludwig, personagem criado pela autora para narrar a saga da família Bauer, pioneira na leva de alemães que buscavam sua "cocanha".
Brüger mistura pesquisa com ficção em uma obra que não se limita aos textos.
Tem, também, aquarelas e desenhos seus, de alta qualidade, que ilustram todo o livro.
A artista plástica apresenta, durante sua narrativa, a visão dos imigrantes alemães durante a década de 1920 (a trama do livro se inicia alguns anos antes da história contada por Pozenato sobre os italianos).
Atraídos pela possibilidade de fartura e pelo clima mais quente do Brasil, os imigrantes acabam encontrando um país marcado pelas injustiças sociais.


Diário de um Imigrante
Autora: Rita Brüger
Editora: Maneco
Quanto: R$ 60 (133 págs.)



A Cocanha
Autor: José Clemente Pozenato
Editora: Mercado Aberto
Quanto: R$ 34,50 (372 págs.)





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