|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CULTURA IMPORTADA
Produtos estrangeiros e compras na Internet são primeiros a sofrer o impacto da desvalorização do real
Preço de livro e CD sobe até 30% em SP
PATRICIA DECIA
da Reportagem Local
Livros e CDs importados já estão
até 30% mais caros em São Paulo,
uma semana após a desvalorização
do real. Tão comuns em lojas e livrarias quanto macarrão italiano
nos supermercados, eles foram os
primeiros produtos na área cultural a sofrer o impacto das mudanças econômicas.
Na Livraria Cultura, o reajuste
dos importados variou entre 3% e
20%, segundo o proprietário Pedro Herz. "Dependeu do que conseguimos com os fornecedores",
afirma. Ele está negociando, caso a
caso, com as cerca de 500 editoras
com que trabalha. Uma delas, a
Oxford University Press, ficou um
dia sem vender nenhum título,
adequando-se à mudança cambial.
A loja Bizarre Records, que não
tem grandes estoques e trabalha
com encomendas e importações
semanais, fixou os preços dos CDs
em dólar e está cobrando a cotação
do dia, no paralelo. Assim, na última quarta, o dólar estava a R$ 1,65,
ou 30% a mais do que o câmbio antes da mudança (R$ 1,27).
"As dívidas que a gente tinha ficaram todas em dólar. O lucro de
dezembro se perdeu. Não estamos
aceitando nem cartão de crédito
nem pagamento a prazo", afirmou
o proprietário Carlos Farinha, 28.
Outra loja especializada em importados, a London Calling, está
tentando manter os preços em
real, mas com reajuste. Um CD que
custava R$ 25 hoje sai por R$ 30.
Mesmo assim, as vendas caíram
pela metade.
"Se for colocar o preço em dólar,
o pessoal não compra. É melhor
perder a margem de lucro do que
assustar a clientela", diz Walter
Thiago, 34, há 13 anos vendendo
importados no centro de SP.
Com estoques muito maiores,
tanto de CDs quanto de livros, o
Ática Shopping (comprado pela
rede francesa Fnac) deve aumentar
seus preços na próxima semana. O
diretor da área de música passou
os três primeiros dias da semana
em reuniões com fornecedores e
gravadoras, negociando.
Os novos preços dos livros importados, cerca de 20% dos títulos
da loja, também estão sendo negociados, de acordo com o diretor da
área, Fernando Santos, 47.
"O período mais forte de venda
foi o final do ano. Livros de arte,
design, fotografia, cinema e arquitetura, áreas típicas de importação,
são de valor alto. A mudança de
preço vai ocorrer, mas, de repente,
não será preciso passar toda a desvalorização", afirmou.
Santos, no entanto, diz que algumas editoras brasileiras já sinalizam com a possibilidade de aumentar o preço de títulos nacionais, fabricados aqui. Isso porque
o preço do papel é atrelado ao dólar no mercado financeiro.
²
Internet
Ficou mais caro também fazer
compras de livros e CDs importados pela Internet, recurso bastante
utilizado pelos brasileiros. A variação vai depender das taxas de câmbio das operadoras de cartão de
crédito, principal meio de compra.
A conversão dos valores em dólar é feita de acordo com o câmbio
do dia do vencimento da fatura. Se
houver acréscimos até o dia do pagamento, eles serão cobrados na
próxima fatura do cartão. A taxa
de juros também deve aumentar.
O Brasil tornou-se um dos mercados mais importantes para lojas
virtuais. A Amazon Books
(www.amazon.com) computa a
lista dos mais vendidos no país.
Inicialmente, o ranking era ocupado apenas por livros técnicos e
de informática. Hoje, dos 25 títulos, dez são ficção e biografia.
²
Colaborou
Cláudia Pires, da Reportagem Local
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|