São Paulo, sexta-feira, 22 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Revista já enterra o progressive

DA REDAÇÃO

O estilo do momento já passou. Mas já? Bem, ao menos segundo a mídia inglesa, que adora batizar e enterrar gêneros. A "Muzik" agora decreta a morte do progressive, que por sua vez salvou a vida do trance. A "DJ" questiona sua duração nos charts. Depois da extrema popularização do trance, muitos DJs migraram para outros gêneros: alguns passaram a tocar tecno ou avançaram mesmo para o progressive (trance quem assume agora são só os ardorosos fãs do psy-trance que, como bons hippies modernos que são, gostam de se manter fiéis às coisas...)
Os DJs internacionais que fizeram o progressive virar um estrondo eletrônico mundial andam reclamando: "Eu não acho que isso esteja trazendo algo interessante para a cena", diz Paul van Dyk, que conta na revista que um amigo dele tem chamado o estilo de "regressive". "Perderam-se a alma e a energia", continua Dyk. Entretanto claro que alguns projetos, como o próprio Gatecrasher, foram criados para essa atmosfera. "Ninguém levanta aquela pista tão bem como John Digweed", diz o produtor Red Jerry, do selo Hooj Choons. Por causa disso, segundo Jerry, a reputação do Gatecrasher vai correr contra a maré e sobreviver à crise do progressive (confira a absurda energia deles no Skol Beats 3).
Mas o que acham os DJs brasileiros de progressive, que lotam clubes (principalmente) com os mauricinhos eletrônicos? Vitor Lima, residente do Manga Rosa: "A "Muzik" adora decretar o fim das coisas. O trance está em baixa no mercado mundial, e o progressive sofre esse reflexo". Para ele, faltam novos produtores para dar gás à música. "Vai acontecer como com o trance: as casas de playboys vão tocar, mas eles não fazem muita pesquisa nem tentam inovar. Isso vai fazer com que as pessoas enjoem do progressive", avalia o DJ Jason Bralli.
Carlo Dall'Anese, residente do Sirena, coloca mais de mil pessoas para dançar todos os fins de semana com progressive. "A cada dia chegam novos discos e surgem novas tendências. A mudança é normal. A bola do progressive está baixa mesmo, mas é um exagero falar que ele morreu."
Para Dall'Anese, com a onda dos top DJs como Sasha, Digweed e Oakenfold insatisfeitos com o caminhar do progressive, muita gente vai correr atrás deles: "Eles são os formadores de opinião, têm força de venda. Qualquer coisa que fizerem serão seguidos..." .
Mas veja o caso de Carl Cox, por exemplo, nem aí. Tocou progressive, sim, num tipo de som que nas lojas os DJs daqui estão chamando de "tecno-trance". E, por falar em Carl Cox, o produtor do Bavaria Vibe, Celio Fernandes, diz que de jeito nenhum os brasileiros tocaram mais baixo do que Cox. Segundo ele, o que Cox pediu foi mesmo para que Mau Mau não tocasse pesado. Celio também esclarece que o supermegaDJ não foi conferir o Carnaval carioca: preferiu descansar.



Texto Anterior: Erika Palomino: Pista de dança em SP também é cultura
Próximo Texto: Mestre do Dark
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.