São Paulo, Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 1999
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Tarzan, o rei das telas


A clássica história do homem criado por macacos, que estréia em junho nos EUA, puxa poderosa série de lançamentos de cinema de animação dos estúdios Disney que dominará as telas de todo o planeta até o ano 2000


LÚCIO RIBEIRO
enviado especial a Nova York

Me, Tarzan. You, milhões de cinéfilos. A lista das maiores bilheterias de todos os tempos deve sofrer um sensível rearranjo a partir de 18 de junho, quando estréia nos EUA a mais nova versão do clássico ""Tarzan", primeiro produto de uma série de filmes de animação que os estúdios de Walt Disney pretendem espalhar pelas salas do planeta até o ano 2000.
Em um pomposo evento no começo do mês na Broadway, em Nova York, a Disney reuniu a imprensa de todo o mundo para apresentar seu ""pacote" de atrações futuras.
O plano de dominação das salas de cinema da Terra, arquitetado pela fábrica de entretenimento do velho Walt, inclui, além de ""Tarzan", a parte 2 do fantástico ""Toy Story", a reedição fim de milênio para ""Fantasia" (1940) e o encantador ""Dinosaur", todos candidatos instantâneos a blockbusters.
Na festa da Broadway foram mostradas longas cenas das produções, making-ofs e clipes. Tudo permeado com discursos de executivos, diretores e desenhistas do primeiro time da Disney. Alguns atores de Hollywood, que emprestarão voz para personagens animados, estavam na platéia. Roy E. Disney, vice-presidente da companhia e sobrinho de Walt Disney, apresentou ""Fantasia 2000".
Confira a seguir qual é a cara das novas atrações que sairão da fabriquinha de sonhos do titio Walt.

Tarzan
Primeira grande estréia da Disney, ""Tarzan" atinge as telas na vindoura temporada de verão americana.
Para a velha geração, que ficou passada com a morte da mãe de Bambi, ou a nova, arrasada pela morte do pai do filhote que viria a ser o Rei Leão, espere só até ver a cena em que Tarzan, em conversa definitiva com sua mãe-gorila, precisa decidir se fica com sua família de macacos, que o criou desde pequeno, ou se segue com seus iguais, os humanos exploradores da selva.
Com belas cenas de ação na selva, proporcionadas pela mais alta tecnologia de animação, ""Tarzan" transporta ao desenho o clássico de Edgar Rice Burroughs, do menino criado desde bebê como um macaco, sua adolescência embalada pelo instinto animal, seus sentimentos atrapalhados na hora em que conhece uma mulher (Jane).
O tarimbado desenhista Glen Keane (""A Pequena Sereia" e ""A Bela e a Fera") criou a figura animada e os movimentos de Tarzan inspirado no filho, que usa dreadlocks e é skatista e surfista.
A voz de Tarzan sai da boca do ator Tony Goldwyn. A atriz Minnie Driver vocaliza Jane e a veterana Glenn Close, a gorila Kala, a mãe ""adotiva" do pequeno Tarzan.
A trilha sonora, que deverá vender absurdamente, é de responsabilidade de Phil Collins, que compôs cinco canções especialmente para o filme e fez apresentação ao vivo no evento da Disney em Nova York. A baba romântica ""Stranger Like Me" já é séria candidata ao Oscar do ano que vem.
Para atender ao plano de invasão planetária da Disney, Collins gravou suas músicas em cinco línguas, para que a voz original do cantor acompanhasse a dublagem em países de idioma não-inglês. São elas italiano, alemão, francês e espanhol, além de, claro, inglês.


Fantasia 2000
Um espetacular esquema de lançamento deverá marcar a estréia de "Fantasia 2000", espécie de refilmagem de um dos primeiros sucessos da história da Disney.
O primeiro "Fantasia", de 1940, fez história trazendo várias peças de música clássica ilustradas de maneira às vezes abstrata, às vezes dramática e até mesmo humorada, como em "The Sorcerer's Apprentice", que apresenta as trapalhadas do chapa Mickey Mouse como um aspirante a mágico, em sintonia com a música de Paul Dukas.
"Fantasia 2000" oferecerá três segmentos clássicos do filme de 1940 mais seis novas peças, verdadeiras zoeiras animadas ao ritmo clássico de compositores como Beethoven, Stravinsky, Shostakovich, entre outros.
Em engraçadíssima sequência apresentada no evento da Broadway, um convidado muito especial aparece para participar da ilustração da composição "Pomp and Circumstance", de Edward Elgar: ele mesmo, o Pato Donald, interpretando o conto da Arca de Noé.
Noé, preocupado com o dilúvio, sai à caça de um casal de cada espécie de animal existente, para abrigar em seu navio. Mas, ao conferir a presença dos bichos, nota que está faltando um casal de... patos.
"Fantasia 2000" terá estréia mundial no suntuoso Carnegie Hall, em Nova York, no dia 17 de dezembro. O maestro James Levine conduzirá 120 músicos da London Philharmonia Orchestra, em um concerto ao vivo que será realizado em sintonia com a exibição das imagens do filme.
Depois, a orquestra embarcará com o filme para uma turnê mundial de uma semana, que incluirá concerto e exibição de "Fantasia 2000" em Londres, Paris e Tóquio.
Aí a trupe clássica volta para se apresentar em uma grande festa na noite de Ano Novo de 1999/2000 na Califórnia, ainda com exibição do filme e concomitante concerto.
E não é só. A Disney não revela, mas o "The New York Times" publicou que "Fantasia 2000" deve se juntar a "Waterworld" e "Titanic" no rol dos filmes mais caros já feitos na história do cinema.
Seu custo, na casa dos US$ 130 milhões, foi alto porque "Fantasia 2000" é o primeiro filme formatado especialmente para ser exibido nos cinemas que utilizam o sistema canadense Imax.
Um cinema Imax utiliza telas de até 17 metros de altura, que permite uma superdefinição de som e imagem anos-luz de distância da qualidade oferecidas pelas salas convencionais, o que leva o público a "vivenciar" um grande impacto ou uma sensação de vertigem.
Até o ano 2000, a empresa canadense pretende ter cerca de 80 cinemas Imax no mundo inteiro, em um investimento crescente. Atualmente, o sistema Imax atrai milhares de pessoas em museus, em centros de divulgação científica e em cidades turísticas, como NY.
"Fantasia 2000" estreará em cinemas Imax no primeiro dia do ano 2000 e só depois entrará em cartaz em cinemas convencionais.

Toy Story 2
Sequência do impressionante "Toy Story", de 1995, o primeiro filme hollywoodiano feito inteiramente no computador.
É o retorno à ação do caubói de madeira Woody e do astronauta de plástico Buzz Lightyear, bonecos que temem o desprezo toda vez que o garoto Andy ganha um brinquedo novo. Dessa vez, a coisa pega quando Woody é raptado por um obsessivo caçador de brinquedos. Buzz passa a liderar uma gangue de bonecos (Mr. Potato Head, Slinky Dog, Rex e Hamm), formada para tentar salvar Woody.
No evento da Disney, em Nova York, foi mostrada uma divertidíssima cena em que o "exército" de Buzz, à procura de Woody, causa uma confusão dos diabos ao atravessar uma via expressa.
Com o astro Tom Hanks emprestando a voz para Woody e o ator Tim Allen dando o som de Buzz, "Toy Story 2" chega aos cinemas americanos no Natal.

Dinosaur
Mais uma caríssima produção com orçamento que já ultrapassa os US$ 100 milhões, "Dinosaur" deve chegar aos cinemas em maio de 2000, no feriado americano do Memorial Day.
Um clipe de demonstração foi apresentado à imprensa em Nova York. E o que se viu foi uma impressionante combinação de imagens reais com a mais apurada técnica de criação de animação digital feita dentro de um estúdio.
"Dinosaur" tem em seu foco a história de Aladar, espécie de dinossauro de três toneladas que é criado por outra raça desde o ovo. Aladar resolve sair em busca de animais de sua espécie quando a Terra começa a ser atingida por meteoros, que ameaçam os dinossauros de extinção.


O jornalista Lúcio Ribeiro viajou a Nova York a convite da Buena Vista International, empresa do grupo Disney


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