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RELÂMPAGOS
Samaritano
JOÃO GILBERTO NOLL
Ele batia a cabeça contra o
muro. Gritava que não podia se perdoar. Não podia
perdoar a ninguém que
olhasse sua cena extremada,
é, aqueles olhares não querendo aceitar que todos nós
falháramos; e ele próprio
não tinha mais condições de
identificar o início dessa vil
história. Como um samaritano, eu quis aliviar um
pouco aquela sanha. "Ó",
disse eu, "ó!". "Ó o quê?",
ele respondeu parando de se
convulsionar. E me aproximei, passei o lenço na sua
fronte esfolada. Corei, quase fugi. Ele abriu os dentes
dizimados. Um sorriso mais
conturbador do que o velho
desespero. "Ó!", repeti, levando os olhos para longe.
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