São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2000


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Colker escala o mundo

Divulgação
Bailarinos da Companhia de Dança Deborah Colker, em cena do espetáculo "Casa"



Após sucesso em NY e Londres, Deborah Colker traz "Casa" a SP e prepara turnê internacional


ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha


O novo espetáculo da coreógrafa carioca Deborah Colker, "Casa", chega a São Paulo na próxima sexta para uma temporada de dez apresentações no teatro Sérgio Cardoso. Fenômeno de bilheteria da dança brasileira, Colker vem demonstrando que é capaz de atrair expressiva quantidade de público também no circuito internacional.
Tal possibilidade começou a se evidenciar em 1996, quando a Companhia de Dança Deborah Colker ganhou suas primeiras ovações fora do Brasil, ao se apresentar para teatros lotados durante a Bienal Internacional da Dança de Lyon, na França.
Em maio do ano passado, ao debutar em Londres, o sucesso se ampliou. Centro das atenções da mídia, Colker e seu elenco ganharam artigos de destaque nos principais veículos da imprensa britânica, cujo entusiasmo rendeu convite para nova temporada londrina, em julho próximo, no Barbican Theatre.
Pelo menos em matéria de público, não foi diferente em Nova York, em fevereiro passado. Se durante a temporada de platéias lotadas no Joyce Theater, a animação dos espectadores não foi proporcional à dos críticos nova-iorquinos, Colker pôde comemorar uma repercussão singular.
Em vez de se fazer representar por seus assistentes, como é comum em temporadas menos importantes, os críticos veteranos dos jornais mais prestigiados - como Clive Barnes, do "New York Post", e Anna Kisselgoff, do "The New York Times"- compareceram em pessoa para checar "Rota", criação anterior de Colker e primeira a ser levada aos Estados Unidos.
"Após as apresentações em Nova York, acredito que passamos a existir realmente no mercado internacional da dança", diz a coreógrafa. "Fomos vistos por profissionais que produzem cultura no mundo e desde então estamos sendo sondados por representantes do Brooklyn Academy of Music, outro importante teatro nova-iorquino, e da empresa que agencia nomes como Bob Wilson, Sankai Juku e Philip Glass."
De agora em diante, com a agenda comprometida até 2001, o difícil será conseguir tempo para criar novo espetáculo. Depois de São Paulo, "Casa" segue para Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e João Pessoa.
Antes da habitual temporada no Rio de Janeiro em setembro, quando fará uma retrospectiva de seu repertório com "Mix" (que mistura "Vulcão" e "Velox", primeiras obras da companhia), "Rota" e "Casa", o grupo de Colker passa por Cingapura e Inglaterra. Até o fim de 2000, ainda haverá Alemanha, Suíça, Bélgica e França. Roteiro similar será retomado no próximo ano, quando Austrália e América Latina se integram à lista de lugares que querem ter Colker em seus palcos.
Tal penetração confere à companhia de Colker um papel fundamental na difusão da dança brasileira e na multiplicação de seu público. Para a coreógrafa, a expansão de fronteiras é fruto de uma determinação feroz. Depois da abordagem frívola que parecia envolver seu trabalho logo que fundou elenco próprio, em 1994, ela vem se empenhando em melhorar e provar seu talento a cada nova produção.
Seu gosto por composições cênicas sofisticadas, que desafiam as possibilidades do espaço cênico, se impôs em "Velox", em que bailarinos com habilidades de alpinistas escalavam uma enorme parede.
Com "Rota", foi a vez de testar as instabilidades de uma roda gigante. Em meio a tais efeitos, Colker conseguiu causar impacto sem deixar de mostrar progressos tanto na coreografia quanto na concepção e direção cênicas.
"Cada vez mais entendo o espetáculo de dança como uma composição cênica", diz Colker, que se aliou ao cenógrafo Gringo Cardia para criar a arquitetura de "Casa" (leia texto nesta página).
Em ambientes vazados e sobrepostos, que atingem quase sete metros de altura, o cotidiano doméstico se constrói por meio da coreografia, que mais uma vez desafia os bailarinos a lidar com a verticalidade do espaço.
Sem abrir mão do virtuosismo, Colker apresenta produção e elenco impecáveis. Contribuindo com o padrão de excelência, os bailarinos atuais integram diversas formações. Há craques em danças de rua e técnicas de circo. Mas, por exigência da coreógrafa, agora todos fazem do balé clássico o seu principal instrumento.
"O apoio na técnica clássica me leva ao encontro da depuração. Embora para alguns coreógrafos contemporâneos a metodologia clássica represente uma prisão, para mim serve de libertação."



Espetáculo: Casa, com a Companhia de Dança Deborah Colker Quando: estréia 24/3 (sexta-feira), às 21h; 29/3, 30/3 e 31/3, às 21h; 25/3 e 1/4, às 18h e 21h; 26/3 e 2/4, às 18h Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153; Bela Vista; tel. 00/xx/11/ 251-5122 e 251-5095) Quanto: R$ 25 (platéia) e R$ 20 (balcão)


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