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Colker escala o mundo
Divulgação
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Bailarinos da Companhia de Dança Deborah Colker, em cena do espetáculo "Casa" |
Após sucesso em NY e Londres, Deborah Colker traz "Casa" a SP e prepara turnê internacional
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ANA FRANCISCA PONZIO
especial para a Folha
O novo espetáculo da coreógrafa carioca Deborah Colker, "Casa", chega a São Paulo na próxima
sexta para uma temporada de dez
apresentações no teatro Sérgio
Cardoso. Fenômeno de bilheteria
da dança brasileira, Colker vem
demonstrando que é capaz de
atrair expressiva quantidade de
público também no circuito internacional.
Tal possibilidade começou a se
evidenciar em 1996, quando a
Companhia de Dança Deborah
Colker ganhou suas primeiras
ovações fora do Brasil, ao se apresentar para teatros lotados durante a Bienal Internacional da Dança de Lyon, na França.
Em maio do ano passado, ao debutar em Londres, o sucesso se
ampliou. Centro das atenções da
mídia, Colker e seu elenco ganharam artigos de destaque nos principais veículos da imprensa britânica, cujo entusiasmo rendeu
convite para nova temporada londrina, em julho próximo, no Barbican Theatre.
Pelo menos em matéria de público, não foi diferente em Nova
York, em fevereiro passado. Se
durante a temporada de platéias
lotadas no Joyce Theater, a animação dos espectadores não foi
proporcional à dos críticos nova-iorquinos, Colker pôde comemorar uma repercussão singular.
Em vez de se fazer representar
por seus assistentes, como é comum em temporadas menos importantes, os críticos veteranos
dos jornais mais prestigiados -
como Clive Barnes, do "New York
Post", e Anna Kisselgoff, do "The
New York Times"- compareceram em pessoa para checar "Rota", criação anterior de Colker e
primeira a ser levada aos Estados
Unidos.
"Após as apresentações em Nova York, acredito que passamos a
existir realmente no mercado internacional da dança", diz a coreógrafa. "Fomos vistos por profissionais que produzem cultura
no mundo e desde então estamos
sendo sondados por representantes do Brooklyn Academy of Music, outro importante teatro nova-iorquino, e da empresa que agencia nomes como Bob Wilson,
Sankai Juku e Philip Glass."
De agora em diante, com a
agenda comprometida até 2001, o
difícil será conseguir tempo para
criar novo espetáculo. Depois de
São Paulo, "Casa" segue para Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e João Pessoa.
Antes da habitual temporada
no Rio de Janeiro em setembro,
quando fará uma retrospectiva de
seu repertório com "Mix" (que
mistura "Vulcão" e "Velox", primeiras obras da companhia),
"Rota" e "Casa", o grupo de Colker passa por Cingapura e Inglaterra. Até o fim de 2000, ainda haverá Alemanha, Suíça, Bélgica e
França. Roteiro similar será retomado no próximo ano, quando
Austrália e América Latina se integram à lista de lugares que querem ter Colker em seus palcos.
Tal penetração confere à companhia de Colker um papel fundamental na difusão da dança
brasileira e na multiplicação de
seu público. Para a coreógrafa, a
expansão de fronteiras é fruto de
uma determinação feroz. Depois
da abordagem frívola que parecia
envolver seu trabalho logo que
fundou elenco próprio, em 1994,
ela vem se empenhando em melhorar e provar seu talento a cada
nova produção.
Seu gosto por composições cênicas sofisticadas, que desafiam
as possibilidades do espaço cênico, se impôs em "Velox", em que
bailarinos com habilidades de alpinistas escalavam uma enorme
parede.
Com "Rota", foi a vez de testar
as instabilidades de uma roda gigante. Em meio a tais efeitos, Colker conseguiu causar impacto
sem deixar de mostrar progressos
tanto na coreografia quanto na
concepção e direção cênicas.
"Cada vez mais entendo o espetáculo de dança como uma composição cênica", diz Colker, que
se aliou ao cenógrafo Gringo Cardia para criar a arquitetura de
"Casa" (leia texto nesta página).
Em ambientes vazados e sobrepostos, que atingem quase sete
metros de altura, o cotidiano doméstico se constrói por meio da
coreografia, que mais uma vez desafia os bailarinos a lidar com a
verticalidade do espaço.
Sem abrir mão do virtuosismo,
Colker apresenta produção e
elenco impecáveis. Contribuindo
com o padrão de excelência, os
bailarinos atuais integram diversas formações. Há craques em
danças de rua e técnicas de circo.
Mas, por exigência da coreógrafa,
agora todos fazem do balé clássico o seu principal instrumento.
"O apoio na técnica clássica me
leva ao encontro da depuração.
Embora para alguns coreógrafos
contemporâneos a metodologia
clássica represente uma prisão,
para mim serve de libertação."
Espetáculo: Casa, com a Companhia de
Dança Deborah Colker
Quando: estréia 24/3 (sexta-feira), às
21h; 29/3, 30/3 e 31/3, às 21h; 25/3 e 1/4,
às 18h e 21h; 26/3 e 2/4, às 18h
Onde: teatro Sérgio Cardoso (r. Rui
Barbosa, 153; Bela Vista; tel. 00/xx/11/
251-5122 e 251-5095)
Quanto: R$ 25 (platéia) e R$ 20 (balcão)
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