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PRÊMIO
Brasil terá categoria própria no Grammy Latino em setembro
especial para a Folha
Já era a hora de existir uma versão latina para o Grammy, a
maior premiação da música
mundial. Dos gritinhos calientes
do ex-menudo Ricky Martin à sofisticação do guitarrista Carlos
Santana, a música hispânica tem,
nos últimos anos, ofuscado os
grandes nomes do mainstream
norte-americano.
Não gozando da mesma popularidade, mas respeitada pelos críticos do mundo inteiro, a música
brasileira acabou sendo a maior
beneficiada na primeira edição do
Grammy Latino, que vai ocorrer
dia 3 de setembro em Los Angeles, Estados Unidos.
O Brasil será o único país a ter
uma categoria própria. Na categoria "brazilian" serão premiados
os melhores discos de pop, rock,
samba e pagode, MPB, sertanejo,
regional e a melhor canção.
Se o músico brasileiro tiver projeção internacional, ele poderá até
ser indicado em algumas das outras dez categorias do prêmio: geral, pop, rock, tropical, regional,
tradicional, jazz, infantil, clássico,
produção e vídeo.
"Concedemos uma categoria
exclusiva para a música brasileira
porque sabemos de sua força e de
seu potencial", afirma Mauricio
Abaroa, vice-presidente executivo da Laras (Academia Latina de
Ciências da Gravação), que promoverá a festa. Abaroa esteve
reunido anteontem em São Paulo
com os diretores e presidentes de
gravadoras para acertar os últimos detalhes da premiação. "Esse
é apenas o primeiro passo. Acho
que o Brasil tem tudo para organizar o seu próprio Grammy daqui
a alguns anos."
Pelo regulamento, as gravadoras podem inscrever quantos artistas quiserem, mas não podem
fazer parte do comitê de jurados,
que será formado por artistas,
produtores e arranjadores. Cada
integrante da comissão de votação pode inscrever apenas dois
artistas. Irão concorrer ao
Grammy Latino todos os discos
lançados do dia 1º de janeiro de
1999 ao dia 31 de março de 2000.
No release de divulgação do
prêmio, os organizadores afirmam que "o Grammy Latino reconhece as conquistas artísticas
e/ou técnicas, não os números de
vendas, nem posições nas paradas...". Para seguir sua própria recomendação, a versão latina vai
ter de fugir muito dos padrões do
Grammy norte-americano que,
há anos, tem premiado gente como Ricky Martin, Jennifer Lopez
e Backstreet Boys -gênios para
vender discos e medíocres como
artistas.
Até por aqui, o Grammy é visto
por críticos e artistas muito mais
como uma grande festa da indústria fonográfica norte-americana
do que um prêmio aos melhores.
Caetano Veloso, que ganhou em
fevereiro o Grammy 99 de melhor
álbum de world music por "Livro", fez pouco caso da premiação, afirmando que tinha ficado
mais honrado e feliz por ter ganho
o Grande Prêmio Cinema Brasil
pela trilha do filme "Orfeu".
(TOM CARDOSO)
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