São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2000


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PRÊMIO
Brasil terá categoria própria no Grammy Latino em setembro

especial para a Folha

Já era a hora de existir uma versão latina para o Grammy, a maior premiação da música mundial. Dos gritinhos calientes do ex-menudo Ricky Martin à sofisticação do guitarrista Carlos Santana, a música hispânica tem, nos últimos anos, ofuscado os grandes nomes do mainstream norte-americano.
Não gozando da mesma popularidade, mas respeitada pelos críticos do mundo inteiro, a música brasileira acabou sendo a maior beneficiada na primeira edição do Grammy Latino, que vai ocorrer dia 3 de setembro em Los Angeles, Estados Unidos.
O Brasil será o único país a ter uma categoria própria. Na categoria "brazilian" serão premiados os melhores discos de pop, rock, samba e pagode, MPB, sertanejo, regional e a melhor canção.
Se o músico brasileiro tiver projeção internacional, ele poderá até ser indicado em algumas das outras dez categorias do prêmio: geral, pop, rock, tropical, regional, tradicional, jazz, infantil, clássico, produção e vídeo.
"Concedemos uma categoria exclusiva para a música brasileira porque sabemos de sua força e de seu potencial", afirma Mauricio Abaroa, vice-presidente executivo da Laras (Academia Latina de Ciências da Gravação), que promoverá a festa. Abaroa esteve reunido anteontem em São Paulo com os diretores e presidentes de gravadoras para acertar os últimos detalhes da premiação. "Esse é apenas o primeiro passo. Acho que o Brasil tem tudo para organizar o seu próprio Grammy daqui a alguns anos."
Pelo regulamento, as gravadoras podem inscrever quantos artistas quiserem, mas não podem fazer parte do comitê de jurados, que será formado por artistas, produtores e arranjadores. Cada integrante da comissão de votação pode inscrever apenas dois artistas. Irão concorrer ao Grammy Latino todos os discos lançados do dia 1º de janeiro de 1999 ao dia 31 de março de 2000.
No release de divulgação do prêmio, os organizadores afirmam que "o Grammy Latino reconhece as conquistas artísticas e/ou técnicas, não os números de vendas, nem posições nas paradas...". Para seguir sua própria recomendação, a versão latina vai ter de fugir muito dos padrões do Grammy norte-americano que, há anos, tem premiado gente como Ricky Martin, Jennifer Lopez e Backstreet Boys -gênios para vender discos e medíocres como artistas.
Até por aqui, o Grammy é visto por críticos e artistas muito mais como uma grande festa da indústria fonográfica norte-americana do que um prêmio aos melhores. Caetano Veloso, que ganhou em fevereiro o Grammy 99 de melhor álbum de world music por "Livro", fez pouco caso da premiação, afirmando que tinha ficado mais honrado e feliz por ter ganho o Grande Prêmio Cinema Brasil pela trilha do filme "Orfeu".
(TOM CARDOSO)


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