MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

"Jimmy Neutron : O Menino Gênio" invade o cinema, a TV, a internet e as roupas (e os biscoitos e os iogurtes etc.) de seu filho. Diferentemente de Peter Pan ou Alice, o personagem Jimmy Neutron não proporciona à criança questionamentos essenciais a sua vida presente e futura.
Peter Pan problematiza a perda da infância e a angústia que isso traz. Alice discute a identidade num mundo hostil e difícil de ser compreendido -exatamente como o mundo real. Jimmy sonha em se ver livre dos pais para brincar num parque de diversões norte-americano.
Mas, tão logo o desenho foi criado, recebeu merecidamente um prêmio de animação (Wavey, 1995) e neste ano concorre ao Oscar no gênero. Apesar de ter design com impacto estético, colabora para deixar o imaginário infantil na mesmice. "Jimmy" duplica no cinema o universo que a criança vê todos os dias na TV.
A Nickelodeon teve o mérito de dar impulso à renovação estilística do que se produz na TV para crianças, mas morreu na praia, isto é, banalizou o traço diferente com conteúdos repetitivos.
Os personagens vivem a mesma história globalizada de inúmeros desenhos e seriados infantis. Como "Esqueceram de Mim", o desenho mostra o desejo das crianças de se verem livres dos pais e, depois de uma experiência fracassada, comprova a necessidade de ter adultos por perto. Mostra o desejo infantil de ter um bicho de estimação a qualquer custo.
Finalmente, o longa tem problema de ritmo e arrasta a trama à redundância: o menino inventor tem um bicho de estimação feito por ele mesmo, com o qual combate o mal, salva seus pais e a Terra de ameaça alienígena e, como clímax, volta à paz familiar.
Para as crianças, o forte promete ser a trilha sonora, que reúne estrelas da cultura popular de massa: "NSync, Britney Spears, Backstreet Boys e Aaron Carter.

Jimmy Neutron: O Menino Gênio
Jimmy Neutron: Boy Genius   
Direção: John A. Davis
Produção: EUA, 2001
Quando: a partir de hoje nos cines Ibirapuera, Shopping D e circuito