DIEGO ASSIS
DA REDAÇÃO

A confusão começou com Scrat, um esquilinho dentuço à procura de um lugar seguro para esconder sua noz antes que chegasse o inverno. Era o prenúncio -e o trailer exibido nos cinemas- de "A Era do Gelo", animação 100% digital dos estúdios de Chris Wedge, vencedor do Oscar em 98 com o curta "Bunny", que estréia hoje.
A fórmula é simples: Manny, um mamute solitário e rabugento, e Sid, um preguiça atrapalhado, procuram abrigo contra um rigoroso inverno quando encontram um indefeso bebê-esquimó que escapara de um ataque de tigres famintos ao acampamento de seus pais, bravos guerreiros.
"Quando recebemos o roteiro, há três anos, não estávamos muito contentes com o tom da história. Fomos aparando as arestas até chegar àquilo que, acredito, é o trunfo do filme: um caldeirão de ação, aventura, comédia e velocidade", afirma o brasileiro Carlos Saldanha, co-diretor de "A Era do Gelo", que trabalha na Blue Sky, de Chris Wedge, há dez anos.
E talvez seja exatamente aí que o filme acerta. Clichês de "Três Solteirões e um Bebê" à parte -sim, o terceiro personagem é o tigre dentes-de-sabre e duas-caras Diego-, "A Era..." tem seus pontos altos na mistura de humor com referências históricas que sugere hipóteses tragicômicas para o destino dos animais extintos.
"Mais do que esse lado de tecnologia, o que conta em animação é a parte criativa. Nosso time de animadores, escritores e atores teve uma verdadeira paixão pelo projeto", conta Saldanha.
Em tempos de "Monstros S.A.", "Shrek" e "Jimmy Neutron", candidatos à primeira estatueta de animação da Academia, as estratégias de lançamento (leia-se concorrência, merchandising etc.) de um filme desses valem, às vezes, mais do que a própria história. "Animação é coisa de gente grande agora. "Shrek", uma das três bilheterias dos EUA em 2001, foi um divisor de águas." Com US$ 46,3 milhões acumulados na semana de abertura nos EUA, "A Era..." já está pronto para a briga em 2003.