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ERIKA PALOMINO
SYNTHCORE, MODERNOS, CAIPIRAS E ARTES EM SP
Então: o DJ Sven Vath, um dos
mitos internacionais do tecno,
está entre nós. Ele chegou na
quarta a São Paulo, deu aula de
simpatia e descolamento e se
deixou misturar entre as pessoas. Além disso, tem dado declarações de inteligência, alto astral e muita, muita cultura club.
"Este ano comemoro 20 anos de
carreira. Sempre fui viciado em
música eletrônica e acho que
consegui ajudar e contribuir para o crescimento da cultura
club", contou o alemão em entrevista, ainda em território argentino (adorou a festa de lá).
Hábil, Vath vai conduzindo a
pista para onde quer. E o povo
vai enlouquecendo. Sua data em
SP estava marcada para ontem,
mas ele ainda tem mais duas
noites no Brasil: hoje no Armazém 5, no Rio, e amanhã no
Moinho Paranaense, Curitiba.
Os responsáveis pela vinda dele
são Eli Iwasa e a Sygno Music,
que aproveitaram o lançamento
do álbum "Fire" e colocaram o
país na rota de turnê do DJ. No
disco, ele brinca com vocais em
algumas faixas, mas é no cover
"Je T'Aime Moi Non Plus" que
sua voz fica mais nítida, ao lado
da nova diva Miss Kittin, a vocalista que está deixando o mundo
de joelhos. Já ouviu falar? Ela faz
parte da turma do DJ Hell, que
esteve no Brasil no ano passado.
"Foi legal trabalhar com ela", diz
Sven, que já cantou também nos
projetos 80's Electro Salsa e La
Casa Latina. "Gosto de trabalhar
com minha voz, mas nunca uso
100%." (Leia a entrevista em
www.erikapalomino.com.br.)
SÓ PENSO EM MISS KITTIN
Tanto alemão, hein? A "Face"
chamou esse babadex de "teutonic cool". Em Paris, onde eu
estava vendo os desfiles, só se
fala disso, graças ao hype da loja
Colette, que lançou para o mundo muitos dos artistas da Gigolo
Records, de Hell, em suas três
coletâneas. As faixas são trilhas
de desfiles e motivos de festas
descoladas. E as lojas aproveitam para pôr adesivo em tudo:
com Miss Kittin. A voz da mulher é uma coisa, sexy, sussurrada, robótica, com os sintetizadores à la Giorgio Moroder (final dos 70, início dos 80). Eu só
penso em Miss Kittin. Carolin
Herve é seu verdadeiro nome,
uma francesa de 29 anos nascida em Grenoble, que já estudou
arte, jazz e clássico, mas que se
encontrou mesmo em Genebra,
com esse povo do tipo o produtor The Hacker. Ela gravou o
megahit "Frank Sinatra", em
que ela ri com deboche e diz
"Frank Sinatra is dead!"... A faixa está no álbum "Miss Kittin &
The Hacker - First Album", que
chegou nesta semana à Indie
Records, em São Paulo (0/xx/
11/3816-1220), mas os fãs do tecno vão reconhecê-la de "Madame Hollywood", música do DJ
Felix da Housecat, que também
esteve no Brasil ano passado e
que ajudou a popularizar essa
nova cena electro (ou disco
nouveau, electropunk,
synthpop, synthcore..., os nomes são tantos).
GOLDEN BOY É TUDO
Outro encontro de sucesso é
com Golden Boy, em "Or", a
meu ver o mais descolado do
momento. Tem "Autopilot",
deliciosa, "1234" e, principalmente, "Rippin Kittin", que é
completamente emocionante,
em que a voz dela transcende. E
diz que a Miss Kittin também é
DJ e produtora, está fazendo
seu primeiro álbum solo em seu
estúdio doméstico. Tudo.
SYNTHCORE DO BÃO
Como movimento legítimo, o
synthcore também encontra
eco nos EUA. Em Detroit (onde
mais?), a festa Disco Nouveau
(procure também pela coletânea) rola no clube gótico Labyrinth, no porão de um hotel,
com o Adult (outro nome hype,
que tem um disco super, "Resuscitation", com vocal de Nicola Kuperus). A diversão e o
deboche vêm pelas mãos do
Detroit Grand Pubahs, no CD
"Funk All Y"All", que também
tem Miss Kittin cantando na
tristonha e quase sombria "After School Special". O resto do
CD é funkeado, supercriativo,
mas às vezes meio dark. Às vezes meio chato, também.
NOVA YORK TEM
TAMBÉM
Quer mais nomes para completar o fundamento? Então
se jogue na "ElectroClash
2001", a coletânea americana
que consolida a história em
Nova York. Tem ainda os
performáticos do Fischerspooner, superfashion, a dupla Crossover (procure pelo
lindo CD "Fantasmo", vale a
pena) e o delicioso Vive la
Fête, grupo belga que foi trilha do último desfile da Chanel, em Paris -ao vivo, com
a loura vocalista que é a cara
da Debbie Harry. "Tokyo" é
hit total entre o povo da moda (está no CD da Colette).
Mas minha favorita é a gemelenta "AAA", sexy.
TEM DJ ATÉ DE 11
ANOS!
E nesta semana voltou-se a se
falar do miniDJ Yasser Hanzi,
de apenas 11 anos. Ele está bookado para tocar na próxima
MegAvonts, dia 6 de abril. A
gente tinha chamado ele para
tocar na festa "Melhores da
Noite Ilustrada", mas como ele
é menor de idade, não pode tocar à noite, só de dia. Yasser é filho de um ex-DJ de Ribeirão
Preto, Tim, que agora trabalha
com decoração para raves. Yasser acompanhava o pai nas
montagens de festas e acabou
pegando gosto para a coisa. Até
que há cerca de um ano e meio
foi descoberto por Rica Amaral,
que o colocou para fechar a turnê da XXX-Perience e, desde
então, é hoje considerado uma
espécie de padrinho do garoto.
Yasser tem tocado em casa, claro, em festas fechadas na região
de Ribeirão e participa também
das raves Millenium. Claro,
sempre acompanhado pelos
pais.
MODERNOS CAIPIRAS E
VICE-VERSA
Tem hype novo entre modernos. Falar caipira. Isso mesmo.
O sotaque característico do interior de São Paulo é a "última
moda" entre modernos de vários segmentos. Insegurança ou
fofura? A coisa pegou e está nas
artes e na moda, no design e na
noite. Repare.
ARTE ESQUENTA A
METRÓPOLE
É tempo de arte em São Paulo e
só se fala disso. Dos internacionais, da Bienal, de olhos fechados sugiro Jeff Koons, Andreas
Gursky, Mariko Mori, Gillian
Wearing, Shirin Neshat, Vanessa Beecroft. E recomendo: se jogue. Descubra coisas novas, eleja seus hypes. Divirta-se e deixe-se levar.
Colaborou Camila Yahn, free-lance para
a Folha
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