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MÚSICA
Membro do Groove Armada, principal atração do maior festival eletrônico do país, fala sobre seu show em SP
Beats humanos
LEANDRO FORTINO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
O festival é de música eletrônica.
A imprensa inglesa diz que eles fazem dance music. Só que muito
pouco do que será mostrado por
essa dupla no Brasil terá bases
pré-gravadas, característica básica da atual música para dançar.
Humanos com seus instrumentos musicais (lembra deles?) tiram
o lugar das máquinas no show
que o Groove Armada, principal
atração do festival Skol Beats, fará
no dia 20 de abril, em São Paulo.
Segundo Andy Cato, 29, que
com Tom Findlay, 29, divide o
controle do Groove Armada (lançaram, em 1997, o primeiro single,
o independente "At the River"),
"quase tudo será ao vivo".
"Temos algumas sequências
pré-gravadas com uns sons do estilo acid, do tipo que humanos
não podem tocar muito bem.
Quase todo o resto é tocado ao vivo: bateria, violão, percussão, teclados, trombone, trompete... É
uma banda com sete pessoas."
Após duas edições, o evento
percebeu que a música para dançar poderia ser tocada, e não estava restrita aos vinis dos DJs. Armou então um palco que, além do
Groove Armada, terá os internacionais Kosheen, Layo & Bushwacka! e Technasia.
Leia a seguir trechos da entrevista que Cato concedeu à Folha,
ontem, por telefone, de Londres.
Ele também fala sobre gravar no
Brasil e sobre o seu último álbum,
o terceiro de inéditas, "Goodbye
Country (Hello Nightclub)".
Folha - É verdade que vocês pretendem gravar algo por aqui?
Cato - Sim, pretendemos. Acabei
de comprar uma pilha de discos
de música brasileira e vou tentar
fazer algumas gravações com artistas daí. Agendamos dois dias a
mais no Rio para isso.
Folha - Há quanto tempo vocês
tocam ao vivo?
Cato - Como músico, toco ao vivo há 20 anos. Com o Groove Armada faz quatro anos.
Folha - Isso ajudou a gravar o último disco, "Goodbye Country (Hello
Nightclub)", com os instrumentos
tocados por vocês e depois sampleados e editados?
Cato - Sim, com certeza. Para a
gravação desse disco, ficamos
trancados em estúdio e fizemos
uma grande jam session, de onde
tiramos os samples e as bases.
Folha - E o que isso mudou no processo criativo do Groove Armada?
Cato - Bom, leva muito mais
tempo. Porque inventar bases de
bateria, de cordas, de baixo é muito novo para nós. Temos muito o
que aprender. Foi no esquema
"faça você mesmo". Deixa tudo
mais demorado, mas é muito
mais gratificante. A música "Edge
Hill", por exemplo, é toda tocada,
tudo foi feito especialmente para
ela, não usamos nada de outros.
Folha - Isso mostra que vocês caminharam para o lado mais funk e
soul do que para o da dance.
Cato - O termo dance music é
muito amplo, pode abraçar vários
estilos. Na verdade, gostamos de
música com base dançante, com
groove, que pode ser house, hip
hop... O que importa é o groove.
Folha - Vocês usaram uma música
da popstar teen Brandy na faixa
"My Friend". É verdade que vocês
não sabiam de quem era?
Cato - Sim. Era uma música a capela muito boa. Usamos e depois
descobrimos que era a Brandy e
tivemos que arranjar alguém para
cantá-la. Encontramos Celetia
Martin, que foi brilhante.
Folha - A Jive, gravadora de vocês
e de artistas do primeiro escalão do
pop teen atual, como Britney
Spears e Backstreet Boys, deve ter
ficado contente com a escolha...
Cato - Na verdade, tivemos problemas para conseguir os direitos
com a gravadora de Brandy, a
Atlantic, que queria usar um sample de R. Kelly (cantor de rhythm
and blues), que é da Jive, e não
conseguiu. No final, parece que
ninguém nos EUA deu muita
atenção para o assunto e acabamos usando Celetia.
Folha - Ela vem ao Brasil? Quem
mais que está em "Goodbye
Country" vem com vocês?
Cato - Ela vai. E também Tim
Hutton, que canta em "Drifted" e
em "Join Hands", e M.A.D., o cantor de "Superstylin'". É uma boa
formação.
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