São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 2002

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MÚSICA

Membro do Groove Armada, principal atração do maior festival eletrônico do país, fala sobre seu show em SP

Beats humanos

LEANDRO FORTINO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

O festival é de música eletrônica. A imprensa inglesa diz que eles fazem dance music. Só que muito pouco do que será mostrado por essa dupla no Brasil terá bases pré-gravadas, característica básica da atual música para dançar.
Humanos com seus instrumentos musicais (lembra deles?) tiram o lugar das máquinas no show que o Groove Armada, principal atração do festival Skol Beats, fará no dia 20 de abril, em São Paulo.
Segundo Andy Cato, 29, que com Tom Findlay, 29, divide o controle do Groove Armada (lançaram, em 1997, o primeiro single, o independente "At the River"), "quase tudo será ao vivo".
"Temos algumas sequências pré-gravadas com uns sons do estilo acid, do tipo que humanos não podem tocar muito bem. Quase todo o resto é tocado ao vivo: bateria, violão, percussão, teclados, trombone, trompete... É uma banda com sete pessoas."
Após duas edições, o evento percebeu que a música para dançar poderia ser tocada, e não estava restrita aos vinis dos DJs. Armou então um palco que, além do Groove Armada, terá os internacionais Kosheen, Layo & Bushwacka! e Technasia.
Leia a seguir trechos da entrevista que Cato concedeu à Folha, ontem, por telefone, de Londres. Ele também fala sobre gravar no Brasil e sobre o seu último álbum, o terceiro de inéditas, "Goodbye Country (Hello Nightclub)".

Folha - É verdade que vocês pretendem gravar algo por aqui?
Cato -
Sim, pretendemos. Acabei de comprar uma pilha de discos de música brasileira e vou tentar fazer algumas gravações com artistas daí. Agendamos dois dias a mais no Rio para isso.

Folha - Há quanto tempo vocês tocam ao vivo?
Cato -
Como músico, toco ao vivo há 20 anos. Com o Groove Armada faz quatro anos.

Folha - Isso ajudou a gravar o último disco, "Goodbye Country (Hello Nightclub)", com os instrumentos tocados por vocês e depois sampleados e editados?
Cato -
Sim, com certeza. Para a gravação desse disco, ficamos trancados em estúdio e fizemos uma grande jam session, de onde tiramos os samples e as bases.

Folha - E o que isso mudou no processo criativo do Groove Armada?
Cato -
Bom, leva muito mais tempo. Porque inventar bases de bateria, de cordas, de baixo é muito novo para nós. Temos muito o que aprender. Foi no esquema "faça você mesmo". Deixa tudo mais demorado, mas é muito mais gratificante. A música "Edge Hill", por exemplo, é toda tocada, tudo foi feito especialmente para ela, não usamos nada de outros.

Folha - Isso mostra que vocês caminharam para o lado mais funk e soul do que para o da dance.
Cato -
O termo dance music é muito amplo, pode abraçar vários estilos. Na verdade, gostamos de música com base dançante, com groove, que pode ser house, hip hop... O que importa é o groove.

Folha - Vocês usaram uma música da popstar teen Brandy na faixa "My Friend". É verdade que vocês não sabiam de quem era?
Cato -
Sim. Era uma música a capela muito boa. Usamos e depois descobrimos que era a Brandy e tivemos que arranjar alguém para cantá-la. Encontramos Celetia Martin, que foi brilhante.

Folha - A Jive, gravadora de vocês e de artistas do primeiro escalão do pop teen atual, como Britney Spears e Backstreet Boys, deve ter ficado contente com a escolha...
Cato -
Na verdade, tivemos problemas para conseguir os direitos com a gravadora de Brandy, a Atlantic, que queria usar um sample de R. Kelly (cantor de rhythm and blues), que é da Jive, e não conseguiu. No final, parece que ninguém nos EUA deu muita atenção para o assunto e acabamos usando Celetia.

Folha - Ela vem ao Brasil? Quem mais que está em "Goodbye Country" vem com vocês?
Cato -
Ela vai. E também Tim Hutton, que canta em "Drifted" e em "Join Hands", e M.A.D., o cantor de "Superstylin'". É uma boa formação.



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