São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 2002

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RUÍDO

"É o pior momento", diz líder do mercado

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

"A indústria fonográfica, com todos os acertos e fracassos, passa por seu pior momento em toda a história, e ainda não se sabe como vamos acabar." As palavras são de José Antonio Eboli, presidente da Sony Music, gravadora líder no mercado nacional desde que lançou o "Acústico MTV" de Roberto Carlos.
"Enquanto isso, a prudência recomenda às gravadoras cuidar melhor das contas", completa, remetendo a declaração recente sua de que não é mais possível para gravadoras investir em novos artistas a longo prazo. "Antes podíamos investir em dois ou três discos até que o artista estourasse, mas hoje o retorno tem que ser imediato", diz, descrevendo triste cenário.
Ele admite que a crise empurrou as gravadoras a essa posição e procura relativizar a dureza da nova ordem: "Tudo deve ser observado com muito cuidado. Recentemente, o presidente da Sony Music da Colômbia foi parabenizado por não haver dispensado Shakira, depois de dois primeiros CDs fracassados".
"Estamos preparando o primeiro disco de Vanessa da Mata, que nos impressionou muitíssimo com sua voz e qualidade de composição. É caso típico de uma cantora que talvez precise gravar dois ou três discos até acontecer", amacia. Que os deuses permitam que ele aguarde.

O NÃO-LANÇAMENTO

Famigerado produtor e arranjador que com Lincoln Olivetti teria pasteurizado a MPB nos anos 80, Robson Jorge (1954-93) também participou do outro lado da moeda. Ligado a Tim Maia, ao funk e ao soul, foi um dos artífices da ventania black que soprou saúde no pop nacional nos 70. Este "Robson Jorge", de 77, foi sua tentativa de se lançar artista solo; não funcionou comercialmente, mas expôs princípios para lá da diluição. A Sony (0/xx/21/2559-5200, 0/ xx/11/5507-2101) parece nem saber que ele existiu.

SEM HARMONIA
Foi adiado o show que o Harmonia do Samba faria domingo no Credicard Hall, segundo a casa porque o vocalista Xanddy estaria com gripe. A Abril, gravadora do grupo, corrobora, explicando apenas que ele está "doente". Nada disso. Foi falta de público mesmo -e indício de que a crise já bate na porta da geração mais nova e menos pasteurizada do axé.

EM FAMÍLIA
O decano Jair Rodrigues grava novo disco produzido pelo filho, Jairzinho, e embalado por ventos mais jovens do pop brasileiro. O rapper Rappin" Hood compôs um rap para a faixa "Zig Zag", de Edson Menezes e Alberto Paes (os mesmos autores do avô do rap "Deixa Isso pra Lá"). Lobão também foi convidado a participar; e, na velha-guarda, Jair dividirá "A Banca do Distinto" (de Billy Blanco) com o Jongo Trio, que o acompanhou nos 60, no programa "O Fino da Bossa".

MAIS ARQUIVOS
Já começa a circular nova fase dos "Arquivos Warner", agora relançando com capricho títulos originais da antiga gravadora Continental. Entre os contemplados, estão trabalhos hoje raros de Jards Macalé, Luiz Melodia, Ednardo & O Pessoal do Ceará, Fagner, Novos Baianos, Quinteto Violado, Noite Ilustrada e outros.

ANOS 80 & 70 FOREVER
Depois de Ira!, Ultraje a Rigor, Capital Inicial e Kiko Zambianchi, agora é a vez de Léo Jaime. Também foi contratado pela Abril Music, que espana também a poeira da discothèque e lança, em abril, o retorno de Lady Zu, com o DJ Felipe Venâncio, releituras e uma composição de Zambianchi (hein?!).

psanches@folhasp.com.br



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