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MÚSICA
Festival dedicado à percussão acontece em abril em Salvador e no Rio e reúne artistas de várias partes do planeta
PercPan aglutina Congo, Romênia e EUA
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Um coletivo que utiliza instrumentos bizarros da República Democrática do Congo; uma fanfarra cigana da Romênia; o projeto
experimental de um integrante de
uma conhecida banda de rock dos
EUA; uma banda de hip hop da
Tanzânia. São essas as atrações internacionais do PercPan (agora
rebatizado Tim PercPan), evento
dedicado à percussão que neste
ano -seu 12º- acontece na terra
natal Salvador e no Rio.
Idealizado desde seu início, em
1994, pela socióloga Beth Cayres,
o festival será montado nos dias 7
e 8 de abril no teatro Carlos Gomes, e nos dias 9 e 10/4 no teatro
Castro Alves, em Salvador.
De artistas internacionais, o
PercPan terá Konono Nº1 (o do
Congo), Fanfare Ciorcalia (a fanfarra romena), On Fillmore (projeto de Glenn Kotche, do Wilco) e
X Plastaz (da Tanzânia). De brasileiros: Adriana Calcanhotto e
convidados; Lucas Santtana; Marcos Suzano; Mônica Millet e grupos de samba de roda, com participação do ministro Gilberto Gil.
"A percussão não deixa de ser
um movimento que aglutina muita gente. Não é à toa que esses grupos, geralmente, têm vários integrantes. É uma música do povo,
está na rua", afirma Cayres.
Ainda não estão definidos preço
de ingressos e ordem das apresentações. Além dos shows, o evento
terá oficinas e encontros culturais.
A curadoria do festival é assinada, além de Cayres, pelo antropólogo Hermano Vianna e pelo jornalista espanhol Carlos Galilea,
crítico do "El País".
Talvez o mais curioso grupo
deste PercPan, o Konono Nº1 (ou
Orchestre Tout Puissant Likembé
Konono Nº1 de Mingiedi, seu nome completo) foi criado há 25
anos por Mawangu Mingiedi,
músico virtuose do likembé, instrumento que se assemelha a uma
caixa, construído com lâminas
delgadas. O som é tirado comprimindo essas lâminas com o polegar -cada likembé é ligado a microfones feitos a partir de magnetos de antigas peças de automóveis, que por sua vez são conectados a amplificadores.
A Fanfare Ciorcalia vem de uma
região isolada da Romênia, de ciganos, e é formada por 12 integrantes, que têm entre 20 e 80
anos. Já o americano On Fillmore
tem, além de Kotche, o percussionista Darin Gray, num som que
vai do pós-rock ao experimentalismo eletrônico. O X Plastaz mistura bongo flava (hip hop da Tanzânia) com ragga e pop indiano.
São artistas de várias partes do
mundo que fazem música não-convencional, mas que, para
Vianna, não vem acompanhada
do pejorativo termo "world music". "Esse rótulo apareceu nos
anos 80, quando o mercado internacional se abria para a produção
do chamado Terceiro Mundo.
Hoje a situação é diferente."
E segue: "Aprendemos a julgar
essas músicas como julgamos
qualquer outra. Não são músicas
para se ter "peninha" e achar boas
porque são feitas por gente de países pobres. São músicas boas.
Ninguém mais se espanta ao descobrir que há um importante movimento hip hop na África, como
ninguém mais se espanta ao descobrir que há rock no Brasil, ou ao
ouvir funk carioca num comercial
na Alemanha. As coisas estão
misturadas, e isso é saudável para
a cultura planetária."
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