São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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ARTES PLÁSTICAS

Site vai reunir trabalhos em mãos de colecionadores privados para mapear grande produção do artista

Projeto Guignard busca obras de coleções

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Procura-se obras de Guignard para o museu virtual do artista. Com esse objetivo, a Secretaria da Cultura de Minas Gerais lançou em Ouro Preto um site que pretende inventariar o maior número possível de obras de Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) em mãos de colecionadores.
Por estarem dispersas, pouco se sabe sobre as obras e quantas são. Nos 14 meses de pesquisas e levantamentos feitos na primeira fase do Projeto Guignard em Belo Horizonte e Ouro Preto, foram catalogadas 219 pinturas, ilustrações e objetos decorativos do artista, segundo Silvana Trindade, coordenadora do projeto.
Desse total, apenas 32 obras estão em quatro locais públicos, sendo 26 no museu Casa Guignard, em Ouro Preto, cidade pela qual Guignard se encantou e adotou quando chegou a Minas Gerais, em 1944, para fundar e dirigir uma escola de arte, hoje a Escola Guignard. Veio a convite do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek.
Pelo mesmo endereço de acesso ao museu virtual (www.cultura.mg.gov.br/museuguignard/projetoguignard), os colecionadores de trabalhos do artista fluminense poderão entrar em contato para dispor uma foto da obra que possuem.
O nome do colecionador será mantido em sigilo, por motivos de segurança. De acordo com os organizadores do projeto, a catalogação dará maior segurança para os próprios colecionadores, pois o registro pode ajudar na recuperação em caso de roubo.
Durante o trabalho feito na capital e na cidade histórica mineira, por onde Guignard circulou intensamente por 18 anos, nem todos os colecionadores permitiram que fossem registrados os trabalhos de um principais artistas plásticos brasileiros.
Das obras inventariadas em Minas Gerais, 187 pertencem a 47 colecionadores particulares. Outros três tiveram obras identificadas pela pesquisa, mas não permitiram que fossem fotografadas para o museu virtual. "Com o site, esperamos que eles vejam que o projeto é sério", afirma Trindade. Uma pintura do artista custa hoje, em média, R$ 200 mil, avalia.
Mas quantas são as obras dele? "O Projeto Guignard tem essa interrogação pela frente. A gente sabe que ele produziu muito, mas não arriscaria dizer", disse Gélcio Fortes, diretor do Museu Casa Guignard, mantido pela Secretaria da Cultura do Estado. Segundo ele, seria certo que são mais de mil trabalhos. "Tem gente que fala em 3.000. Tem muita gente que tem, e nós não sabemos."
Guignard gostava de presentear. E muitos dos presentes que deu foram retratos. É o caso da família de uma ex-cozinheira de um hotel no parque do Itatiaia, no Rio. A filha e o filho dela foram retratados pelo artista, e as pinturas dadas de presente para a mãe.
Recentemente, um homem que vive no sul de Minas procurou Fortes para informar que também foi presenteado com um retrato por Guignard. Ele acompanhou o artista em caminhadas durante suas viagens por terras mineiras. "Acho que teremos muitas surpresas com o projeto", diz Fortes.
Guignard pintou pelo menos 11 auto-retratos em diferentes épocas, segundo Priscila Freire, diretora do MAP (Museu de Arte da Pampulha). Seis deles poderão ser vistos na exposição "Os Motivos de Guignard", no museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (PR), a partir de 28 de março. Com curadoria de Freire, a exposição reunirá 54 pinturas e desenhos.


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