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Megagalpão abriga arte contemporânea nos EUA
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
Uma construção à beira do rio
Hudson, feita em 1929 para abrigar uma gráfica ao norte de Nova
York, vai ser transformada a partir do mês que vem num dos mais
destacados museus de arte contemporânea do mundo.
O Dia:Beacon ocupará cerca de
22 mil metros quadrados de um
conjunto de três prédios erguido
pela fábrica de bolachas Nabisco
com obras feitas a partir de 1960
por Andy Warhol, Richard Serra e
Walter de Maria, entre outros.
O espaço é superior à soma das
galerias dos museus Guggenheim, Whitney e MoMA, três
das mais importantes referências
de arte em Nova York.
A nova casa, que tem inauguração marcada para o próximo dia
18, abrigará o acervo permanente
da Dia Foundation, conjunto raramente visto por falta de espaço.
Surgida em 1974, a Dia é uma
criação do colecionador de arte
alemão Heiner Friedrich e de sua
mulher, Philippa de Menil. A entidade apóia projetos artísticos nos
EUA e pelo mundo. Tem espaços
de exposições em Manhattan
(que passará a ser conhecido como Dia:Chelsea), em Long Island
e no oeste dos EUA.
Os prédios em Beacon não são a
primeira tacada inusual da fundação, que já comprou e transformou em museu, por exemplo, um
posto de cavalaria na fronteira do
Texas com o México que serviu
também como casa de detenção
para prisioneiros nazistas. Mas é
provavelmente a mais ousada de
suas idéias.
Avião
O plano nasceu do acaso, quando Michael Govan, diretor da
DIA, pilotava seu avião sobre o rio
Hudson, em direção a North
Adams, Massachusetts. Foi aí que
avistou o antigo prédio da Nabisco, em Beacon, uma cidade de 24
mil habitantes a cerca de cem quilômetros da cidade de Nova York.
Decidiu ficar ali mesmo.
A área onde ficará o museu,
com mais de 100 mil metros quadrados, foi doada à fundação em
1999 pela International Paper.
Daí em diante, a fundação traçou um projeto de investimento
de US$ 50 milhões, US$ 2,8 milhões deles vindos de dinheiro público, sobretudo do governo do
Estado de Nova York. Do total,
US$ 17 milhões foram destinados
à reforma dos prédios da antiga
gráfica, projetados por um arquiteto da própria Nabisco chamado
Louis N. Wirshing Jr., que tiveram suas características preservadas com as obras.
"A estrutura de aço, concreto e
vidro é um modelo funcional e
elegante da arquitetura industrial
do século 20, com tetos altos,
grandes espaços abertos e um sistema extenso de iluminação voltada para o norte", diz Dovan.
Inicialmente programado para
ser inaugurado em 2001, o museu
abre suas portas no mês que vem
sob grande expectativa.
"Sem dúvida será um uma referência mundial da arte, sobretudo se for tão sublime quanto as
outras casas da DIA", diz Ingrid
Schaffner, curadora-sênior do
Instituto de Arte Contemporânea
da Universidade da Pensilvânia.
"Mas é uma pena escutar que
ele está sendo propagandeado como um mausoléu para a melhor
geração ["The Greatest Generation"] dos artistas americanos.
Não apenas por causa da inoportuna referência à Segunda Guerra,
mas também porque é uma pena
limitar as conquistas da arte americana a um grupo tão homogêneo, formado quase exclusivamente por homens brancos", afirma Schaffner.
Um desafio, desde já, é certo para o novo Dia: atrair turistas mesmo estando numa pequena cidade do interior. Seus prédios ficam
a cinco minutos de caminhada de
uma estação de trem que liga a região a Manhattan. A expectativa
inicial é modesta: a fundação espera que o museu receba entre 50
mil e 60 mil visitantes por ano,
número muito menor do que o de
espectadores dos museus de Manhattan -o Guggenheim e o MoMA, por exemplo, atraem cerca
de 1 milhão de pessoas por ano cada um.
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