JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Já finalizada a colheita de uvas, os vitivinicultores do Rio Grande do Sul estão comemorando uma safra que foi considerada, de ponta a ponta, excepcional.
As condições climáticas no Estado foram favoráveis desde o inverno, sem a ocorrência das geadas tardias que costumam prejudicar a floração das videiras e a formação dos cachos. O verão também foi uma verdadeira mão na roda para o bom amadurecimento dos grãos.
As chuvas (que habitualmente estragam a festa nos vinhedos gaúchos) foram bem menores que o habitual, e o sol brilhou acima da média nos ondulados terrenos da região, permitindo excelente evolução da fruta.
"Essa foi a melhor safra da história", afirma Fabio Miolo, da Vinícola Miolo. "Após algumas chuvas em fevereiro, o clima mudou, e tivemos noites mais frias, o que permitiu o amadurecimento mais lento e completo dos grãos", explica ele.
Como resultado, as cantinas gaúchas tiveram a chance de receber uva sadia, bem madura, que deverá transmitir aos vinhos deste ano mais cor, concentração e sabor.
Para o enólogo Carlos Zanus, da De Lantier Vinhos Finos, um veterano que já participou de mais de 20 vindimas na serra gaúcha, "a safra de 2004 foi muito boa, mas não só pelo clima".
Para ele, os vinhedos do Rio Grande do Sul estão hoje em melhores condições de aproveitar a cota extra de dias de sol. "Parte dos vinhedos tem sido renovada com mudas importadas, e o manejo das videiras está sendo aprimorado", lembra.
Segundo ele, mesmo em condições similares como as de outras safras de alto nível (como as de 1986, 1991 ou 1999), o resultado hoje deveria ser ainda superior.
Ao que tudo indica, a safra promete belos exemplares. Os primeiros brancos poderão ser conferidos em poucos meses.
Para saborear os tintos de ponta, porém, que normalmente amadurecem por alguns meses em barril e garrafa, haverá que aguardar um pouco mais.


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