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Diretor compete "sem expectativa"
DA REPORTAGEM LOCAL
De Nova York, onde filma a
produção internacional "The
Dark Water", o cineasta brasileiro
Walter Salles falou à Folha sobre a
presença de "Diários de Motocicleta" -seu filme baseado nos relatos de viagem de Ernesto Che
Guevara (1928-67)- em Cannes.
(SILVANA ARANTES)
Folha - O diretor do Festival de
Cannes, Thierry Frémaux, disse que
"Diários..." é "cinema de autor para o grande público". Concorda?
Walter Salles - Teria sido fácil fazer um filme para poucos sobre
essa viagem. Mas teria sido ir na
direção oposta a que Guevara nos
oferece no livro. O livro aposta na
possibilidade do descobrimento
do outro. "Diários de Motocicleta" foi uma aventura coletiva. É
um filme de co-autores. Não quisemos só adaptar o livro, mas viver a viagem iniciática que ele nos
propunha. Resulta disso o desejo
de compartilhar com os outros o
que vivenciamos coletivamente.
Folha - Compartilhar essa experiência competindo em Cannes não
é arriscar-se à incompreensão?
Salles - Isso pode acontecer em
qualquer esquina, em cada um
dos 70 países em que o filme será
lançado. A missão desse filme é
dentro da América Latina. A repercussão que ele possa ter além
dessa fronteira é menos importante. Vou para Cannes sem nenhuma expectativa, senão a de dividir o filme com o público.
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