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ENTRELINHAS
O olho da "Caras"
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo brasileiro paga
menos do que uma revista
"Caras" por cada livro adquirido para distribuição nas escolas.
O preço médio das compras governamentais é de R$ 4, a quilômetros de distância do preço
médio dos didáticos vendidos
no mercado: R$ 16,94.
Os cálculos são de um veterano do ramo didático, o editor José Bantim Duarte. Ex-diretor da
Ática, da Ediouro e da Macmillan, hoje sócio da editora Disal,
de livros para ensino de idiomas, ele defende que vender para o mercado é "mau negócio",
"um mau negócio do qual as
editoras não podem sair".
As compras efetivadas pela
Viúva (como diz o colega Gaspari) são, de fato, 69% do bolo
dos didáticos. E, por mais que
95% do espaço dedicado aos livros na mídia trate das obras
chamadas "trade", os romances,
ensaios etc., são os didáticos (e o
governo) que mandam no jogo.
Segundo o Diagnóstico do Mercado Editorial, feito pela CBL e
pelo Snel, em 2003 os didáticos
ocuparam 63% da produção e
54% do faturamento.
É NÓIS
Nesta semana o programa
governamental Fome de Livro
teve uma adesão importante. O
Movimento Hip Hop Organizado do Brasil anunciou a criação do projeto Fome de Livro
na Quebrada, que inclui a abertura de bibliotecas nas periferias de 25 grandes cidades brasileiras. Escritores como Paulo
Lins e Ferréz estão ligados no
movimento.
THE FLASH
Um "miniconto" feito para a
Folha por demoiselle Lygia Fagundes Telles é a grande atração da segunda edição de "Os
Menores Contos Brasileiros do
Século", que será lançada hoje
na livraria Realejo, em Santos
(SP). O livro organizado por
Marcelino Freire com histórias
de até 50 letras feitas por cem
escritores levou expeditos 30
dias para esgotar a primeira tiragem. Como "minibônus" da
segunda impressão entram,
além do texto de Lygia, minihistórias de dois "reinaldos", o
poeta Reynaldo Damazio e o
prosador Reinaldo Moraes.
DEU NO "NYT"
O "Brazil" voltou nesta semana com destaque às páginas do
"New York Times". E não foi
para falar de biritas. O jornal
americano publicou ampla (e
favorável) resenha do romance
"Morte no Brasil", do americano Peter Robb. Segundo o resenhista, a obra lida com a história do Brasil, suas paisagens,
sociedade, cultura, comida e,
atenção, "os alaridos barrocos
de sua vida política".
COMPANHIA LIMITADA
A crítica mais comum dos
meios literários-editoriais brasileiros com relação à Flip, festival literário de Paraty, era de
um "monopólio" de escritores
da Companhia das Letras na
programação do evento. Desta
vez, a organização do festival
escalou autores de muito mais
"times": os 38 escritores vêm
de 16 editoras diferentes.
ABRACADABRA
A loja virtual Submarino andou
pulverizando para uma lista de
mais de cem livreiros e editores
uma mensagem oferecendo o
mais recente "Harry Potter" por
mágicos R$ 19,90. Detalhe: as livrarias compraram o livro por R$
38 e estavam revendendo por preços variáveis, entre R$ 45 e R$ 55.
O presidente da Submarino, Flávio Jansen, diz que a ação é comum e era inicialmente para bons
clientes, não para livreiros. Negou
que isso reflita "encalhe" do livro.
@ - elek@folhasp.com.br
FORA DA ESTANTE
Alfred Jarry foi um sujeito
bem mais estranho do que
seu estranhíssimo personagem Ubu, que criou aos 15
anos no interior da França.
Andava sempre com um
guarda-chuva verde, com a
cara pintada de branco, usava o "nós" o tempo todo para se referir a si mesmo e
morava em uma casa em
que cada quarto era dividido
ao meio (para duplicar os
cômodos). Teve uma herança polpuda, torrou tudo em
absinto. Desenvolveu a patafísica, a "ciência de soluções
imaginárias", que seria abraçada por Boris Vian e George Perec. Publicou contos,
ensaios, romances, poemas,
peças. Morreu afogado em
álcool aos 34. A França
atualmente reedita mais
uma de centenas de edições
especiais da obra completa.
Aqui no Brasil, hoje, necas
de pitibiribas.
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