São Paulo, domingo, 22 de maio de 2005

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TV ABERTA

"Quero Ser John..." traduz universo de Kaufman

Robocop 3
Record, 20h30.
 
(RoboCop 3). EUA, 1993, 104 min. Direção: Fred Dekker. Com Robert Burke, Nancy Allen, Remy Ryan, Jodi Long, Mario Machado. Corporação continua tentando dominar Detroit e adjacências de forma totalitária. Robocop ressurge para defender a justiça. O princípio é o mesmo do filme original (que é forte, combate as corporações). Mas ficamos por aí.

Quero Ser John Malkovich
Bandeirantes, 21h30.
   
(Being John Malkovich). EUA, 1999, 112 min. Direção: Spike Jonze. Com John Cusack, Cameron Diaz, John Malkovich. Cusack é o homem que descobre uma passagem que leva as pessoas para dentro de John Malkovich. O universo do escritor Charlie Kaufman é traduzido aqui em imagens vigorosas, ainda que um tanto barrocas demais, por um Spike Jonze que faria melhor em "Adaptação". No mais, o filme arrisca corajosamente sobre um terreno complexo, o do sonho e da possessão midiática dos seres.

As Máquinas Quentes
Bandeirantes, 0h30.
 
(Little Fauss and the Big Halsy). EUA, 1970, 97 min. Direção: Sidney J. Furie. Com Robert Redford, Michael J. Pollard. Dois motociclistas, o desajeitado Pollard e o esperto Redford, partem em busca de carreira e sucesso.

Parceiros do Crime
Globo, 1h20.
 
(Honest). EUA, 2000, 110 min. Direção: David A. Stewart. Com Peter Facinelli, Nicole Appleton, Natalie Appleton. Irmãs operárias (as irmãs atrizes Appleton) decidem tirar o pé da lama cometendo uma série de roubos. Tal empreitada exige que elas se disfarcem de homens. Até que uma delas é flagrada por um jornalista. Aqui, a luta operária, pelo visto, é conto da carochinha. Inédito.

Gatinhas e Gatões
Globo, 3h10.
   
(Sixteen Candles). EUA, 1984, 93 min. Direção: John Hughes. Com Molly Ringwald, Anthony Michael Hall, Michael Schoeffling. Ao chegar aos 16 anos, Ringwald sente-se insatisfeita em casa e rejeitada na escola. Boa comédia, nos tempos em que a engraçadinha (e chatinha) Molly Ringwald era a garota da hora. (PAULO SANTOS LIMA)

TV PAGA

"Adeus, Lênin" anuncia retorno da velha Alemanha

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Para quem passou um dia pela antiga Alemanha Oriental, "Adeus, Lênin" (HBO Prime, 20h) tem um encanto perverso. Vê-se o filme e a primeira reação diante dele: "Mas é assim mesmo que as coisas se passavam".
De fato, lá estavam aqueles rostos macerados dos velhos comunistas, aquelas pessoas com uniforme de escoteiro (lá tinha outro nome, mas o sentido era mais ou menos o mesmo) tratando de comunicar a boa mensagem aos mais jovens. Aqueles apartamentos modestos, a paranóia diante da propaganda estrangeira, as roupas pobres -como se o pós-guerra ainda estivesse ali. E, no mais, aquelas construções soturnas, as avenidas enormes e vazias.
"Era assim mesmo" é uma frase perigosa, porque significa que aderimos aos objetivos mais perversos do cinema: fazer-se passar por realidade. No entanto, ele não é apenas reconstituição de um real, é também construção.
A vantagem de "Adeus, Lênin" é que também seu protagonista, Alex, está empenhado em reconstituir o real de alguns anos atrás, produzindo uma realidade paralela para que sua mãe, ao voltar a si, não sofra um choque com as mudanças ocorridas.
Wolfgang Becker faz aqui uma comédia de inteligência germânica, justamente na medida em que consegue jogar o cinema contra o cinema, a ilusão de verdade contra o ilusionismo. É assim que chega a alguma verdade.
Ela não é anticomunista nem rancorosa. Mas, sob a aparência de comédia, existe ali uma reflexão nada inconseqüente sobre os destinos da Alemanha desde o pós-guerra, sobre a divisão do país em dois, sobre a crença de que um país se poderia constituir apenas sobre a ideologia, deixando de lado as marcas da nação. Ou seja, o que "Adeus, Lênin" parece anunciar é o retorno da velha e eterna Alemanha. Em certo sentido, é de arrepiar.


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