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DVDTECA FOLHA
Produção reúne forte elenco, encabeçado por Nicole Kidman
"As Horas" entrelaça dramas de mulheres em 3 tempos
DA REDAÇÃO
"As Horas" não só reuniu nove
indicações para o Oscar em 2003
como também três atrizes do primeiro escalão de Hollywood. A
começar por Nicole Kidman, que
ganhou a estatueta de melhor
atriz, seguida por Julianne Moore
e Meryl Streep. A trinca ainda recebeu o Urso de Prata em Berlim.
Na história, o romance "Mrs.
Dalloway", de Virginia Woolf, liga essas mulheres em três momentos distintos. Nos anos 20, há
a própria escritora (Kidman),
mulher atormentada porque vê o
mundo de um jeito distinto dos
demais, inclusive do seu marido.
Após crise de esquizofrenia, ela
escreve o livro, que, aliás, assim
como o longa, também tem mais
de uma narrativa entrelaçada.
Stephen Daldry ("Billy Elliot")
adaptou outro livro, o homônimo
"As Horas", de Michael Cunningham, mantendo-o o mais fiel
possível ao original.
O resultado obtido pelo roteiro
de David Hare (o mesmo roteirista de "Perdas e Danos") deu a devida sobreposição de vozes e situações, tal qual os dois livros. O
próprio escritor, que fez algumas
ressalvas, disse, na época, ter adorado o longa.
Outra mulher da história é Julianne Moore, que faz Laura
Brown, nos anos 50, uma dona-de-casa frustrada e infeliz com o
casamento. Solitária e um tanto
desprezada pelo marido, sua válvula de escape está em cuidar de
seu amado filho e ler o tal romance de Woolf, que aliás dará outro
rumo à sua vida.
Na Nova York, de 2001, está Clarissa Vaughan (Meryl Streep),
bem-sucedida no trabalho, mas
agora solteira, e que resolve homenagear o seu amigo, ex-amante e poeta Richard Brown, que está morrendo de Aids. Há, também, uma conexão dela com a
história de "Mrs. Dalloway".
Com trilha do minimalista Philip Glass, "As Horas" se desenrola
alternando os tempos, fazendo o
espectador mergulhar no drama
dessas três mulheres. Por isso o
diretor recorreu à uma rigorosa
direção de atores para estruturar
um filme cuja câmera fica junto às
personagens.
Caso notório foi o de Nicole
Kidman, que se sentia insegura
para aceitar o papel. O cineasta
britânico bateu o pé. Ele explicou
à Folha que "Virginia é um ícone,
e há certas regras para interpretar
uma pessoa assim na Inglaterra:
chamar a mais respeitável das
atrizes e, ainda, que se pareça fisicamente com a personagem".
Na verdade, Kidman pouco parecia com Woolf, mas uma prótese no nariz deu a devida segurança a ela. Na época, ela temia interpretar a escritora muito pelo respeito que tinha à sua genialidade.
O motivo foi, também, sua dolorosa separação de Tom Cruise,
que ocorria na mesma época e a
fragilizou muito.
Uma das artimanhas de Daldry
para convencer a atriz foi dar alguns livros de Woolf a ela. Combinando com o momento por que
ela passava, entrou nos livros e se
sentiu mais próxima da genial escritora. Um caminho próximo do
que "As Horas" pretendia alcançar, que é tocar nas questões humanas daquelas mulheres.
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