São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Tragtenberg reúne músicos de rua em Berlim

Depois de São Paulo e Miami, compositor monta orquestra na capital alemã, com instrumentistas recrutados nas ruas e no metrô

SILVIA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, DE BERLIM

Dirigindo mais uma orquestra de músicos de rua, o compositor paulistano Livio Tragtenberg abrirá hoje à noite a segunda edição do festival "Brasil em Cena", no teatro Hebbel, em Berlim. Tragtenberg apresentará algumas peças combinando ritmos e sons dos países de alguns integrantes da sua recém-criada Orquestra de Músicos de Rua de Berlim.
O destaque, porém, será no sábado. A orquestra acompanhará o filme mudo brasileiro "No País das Amazonas", de Silvino Santos. Rodado em 1922, trata-se do primeiro documentário feito no Amazonas. Agora, o filme ganhará pela primeira vez uma trilha sonora.
A orquestra de Berlim é a terceira que Livio Tragtenberg, 47, montou com músicos de rua. A primeira foi a de SP, com músicos da capital e imigrantes. A segunda foi a "Nervous City Orchestra", de Miami (EUA), com norte-americanos e latinos.
"A idéia destes projetos é retratar a atmosfera da cidade. Para isso, preciso de um grupo com uma identidade forte, representativo", disse Tragtenberg à Folha, em Berlim. O brasileiro selecionou 12 entre 20 músicos recrutados nas ruas e no metrô da cidade. Apenas três são alemães. Os demais vêm do Leste Europeu e da África, entre outras regiões.
O grupo berlinense traz, além de instrumentos tradicionais, outros bem originais como a harpa africana "cora", o australiano "djeridoo" e o armênio "duduk". "Não fomos atrás de melodias, mas de sons diferentes", afirma Katrin Blasbichler, do Teatro Hebbel.
Segundo Tragtenberg, ele veio sem roteiro para sonorizar o filme de Santos. "Meu trabalho é tirar o que os músicos têm de melhor, formando um ambiente criativo."
O compositor também trouxe a Berlim sua orquestra de cegos (ou "Blind Sound Orchestra"), que amanhã acompanhará o filme mudo "Aitaré da Praia" (1925), de Gentil Roiz. São dois sanfoneiros cegos e um cantor. Com ponto eletrônico, recebem as instruções de Tragtenberg e sonorizam, de forma sincronizada.

Favela e polícia
A segunda edição de "Brasil em Cena", que vai até o dia 31, também apresentará coreografias de Bruno Beltrão, de Niterói (RJ), peça de Christiane Jatahy, da Companhia Vértice de Teatro do Rio de Janeiro, e a dupla funk Tetine. O objetivo, segundo o programa, é mostrar contribuições de um "país conhecido por ser o paraíso e o inferno num pacote só".
A produtora independente TV Morrinho montará maquete com cenas de uma favela carioca. O suíço Stefan Kaegi e a argentina Lola Arias também apresentarão uma "mostra de arte policial", performance que contará com a participação de policiais brasileiros.


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