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Tragtenberg reúne músicos de rua em Berlim
Depois de São Paulo e Miami, compositor monta orquestra na capital alemã, com instrumentistas recrutados nas ruas e no metrô
SILVIA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA FOLHA, DE BERLIM
Dirigindo mais uma orquestra de músicos de rua, o compositor paulistano Livio Tragtenberg abrirá hoje à noite a segunda edição do festival "Brasil
em Cena", no teatro Hebbel,
em Berlim. Tragtenberg apresentará algumas peças combinando ritmos e sons dos países
de alguns integrantes da sua recém-criada Orquestra de Músicos de Rua de Berlim.
O destaque, porém, será no
sábado. A orquestra acompanhará o filme mudo brasileiro
"No País das Amazonas", de Silvino Santos. Rodado em 1922,
trata-se do primeiro documentário feito no Amazonas. Agora,
o filme ganhará pela primeira
vez uma trilha sonora.
A orquestra de Berlim é a terceira que Livio Tragtenberg, 47,
montou com músicos de rua. A
primeira foi a de SP, com músicos da capital e imigrantes. A
segunda foi a "Nervous City Orchestra", de Miami (EUA), com
norte-americanos e latinos.
"A idéia destes projetos é retratar a atmosfera da cidade.
Para isso, preciso de um grupo
com uma identidade forte, representativo", disse Tragtenberg à Folha, em Berlim. O brasileiro selecionou 12 entre 20
músicos recrutados nas ruas e
no metrô da cidade. Apenas
três são alemães. Os demais
vêm do Leste Europeu e da
África, entre outras regiões.
O grupo berlinense traz,
além de instrumentos tradicionais, outros bem originais como a harpa africana "cora", o
australiano "djeridoo" e o armênio "duduk". "Não fomos
atrás de melodias, mas de sons
diferentes", afirma Katrin
Blasbichler, do Teatro Hebbel.
Segundo Tragtenberg, ele
veio sem roteiro para sonorizar
o filme de Santos. "Meu trabalho é tirar o que os músicos têm
de melhor, formando um ambiente criativo."
O compositor também trouxe a Berlim sua orquestra de
cegos (ou "Blind Sound Orchestra"), que amanhã acompanhará o filme mudo "Aitaré
da Praia" (1925), de Gentil
Roiz. São dois sanfoneiros cegos e um cantor. Com ponto
eletrônico, recebem as instruções de Tragtenberg e sonorizam, de forma sincronizada.
Favela e polícia
A segunda edição de "Brasil
em Cena", que vai até o dia 31,
também apresentará coreografias de Bruno Beltrão, de Niterói (RJ), peça de Christiane Jatahy, da Companhia Vértice de
Teatro do Rio de Janeiro, e a
dupla funk Tetine. O objetivo,
segundo o programa, é mostrar
contribuições de um "país conhecido por ser o paraíso e o inferno num pacote só".
A produtora independente
TV Morrinho montará maquete com cenas de uma favela carioca. O suíço Stefan Kaegi e a
argentina Lola Arias também
apresentarão uma "mostra de
arte policial", performance que
contará com a participação de
policiais brasileiros.
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