São Paulo, sexta-feira, 22 de maio de 2009

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comentário

Na adaptação, língua húngara ganha força

MANUEL DA COSTA PINTO
COLUNISTA DA FOLHA

O filme "Budapeste" incorpora as principais polaridades que estruturam o romance de Chico Buarque, acrescenta mais uma (a alternância linguística, inexistente no livro), mas compromete o desdobramento final da narrativa.
Alguns méritos da adaptação estão não só na sensibilidade de Walter Carvalho mas na própria linguagem cinematográfica. Nos momentos em que o ghost-writer José Costa vive as cenas que inventa, a ficção ganha a concretude assustadora de uma imagem traumática que irrompe em pesadelo.
E uma personagem inexistente no romance acaba se tornando protagonista da trama: a língua húngara, que no filme se torna o idioma em que José Costa (Zsoze Kósta) materializa seu estranhamento.
A tensão final do romance, porém, se perde completamente: aquilo que em Chico Buarque é uma revelação breve porém perturbadora (a virada de jogo em que o escritor-fantasma se torna autor-fictício), deixando um eco na memória, após o epílogo, transforma-se aqui numa sequência oblíqua, arrastada -e que de certo modo só fica clara para quem leu "Budapeste".


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