São Paulo, sexta, 22 de maio de 1998

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Pias Fraus reestréia "Éonoé" unindo circo, teatro e show

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
free-lance para a Folha

Elementos circenses, técnicas de teatro, dança, música, ousadia e muita coragem. Tudo isso, associado ao improviso e à criatividade, compõe o ambiente da peça "Éonoé, uma Cosmogonia", da companhia Pias Fraus, que estréia hoje, às 20h, no Sesc Pompéia, em São Paulo.
Escrita sob encomenda por José Rubens Siqueira, "Éonoé" foi feita para ser encenada ao ar livre.
Em uma montagem inusitada, definida como um "evento cênico", a peça parte do princípio da cosmogonia: a narrativa sobre a origem e evolução do universo.
Sem uma história linear, com começo, meio e fim definidos, "Éonoé" coloca ao público uma série de questionamentos. No trocadilho com Noé, personagem bíblico e também da montagem, Rubens Siqueira traz a criação do mundo, o dilúvio e a busca de respostas para perguntas do tipo: "Como foi criado o mundo? De onde viemos e para onde vamos?".
Além do texto, a montagem destaca a junção de alegorias, à primeira vista nada comuns. Ao todo são quatro toneladas de terra, mais de cem refletores, duas traves de trapézio de quase seis metros de altura que se somam a uma trilha sonora formada por Raul Seixas e batidas de tecno (Prodigy e Chemical Brothers).
"A peça se assemelha a um show. É como um circo rápido. Desperta interesse mesmo naqueles que não gostam de teatro. Há integração entre os objetos, a narrativa, contemporâneos, e o público. Tudo marcado pelo ambiente da rua, onde tudo pode acontecer", garante o diretor da peça, Francisco Medeiros.
Segundo ele, a montagem de "Éonoé" exigiu superação e coragem ao Pias Fraus (que, em latim, significa "uma mentira contada com boas intenções").
Desta vez, o grupo, criado há 14 anos por Beto Lima, Beto Andretta e Domingos Montagner, não trabalha com bonecos, consagrados em montagens anteriores.
Misturando bom humor e poesia, o Pia Fraus ratifica o título de "físico-cultural" recebido com a peça "Flor de Obsessão", trazendo ao palco de rua números de trapézio, danças e diferentes expressões corporais.

Evolução
Colocada à prova pela primeira vez no último Festival de Teatro de Curitiba, segundo diretor e atores, no Sesc Pompéia a peça estará fazendo sua verdadeira estréia.
De acordo com o ator Beto Andretta, em Curitiba "Éonoé" passava por um momento de "progressão". "Estávamos muito presos aos objetos e fazíamos uma movimentação marcada. Agora será diferente", afirma.
Ainda amanhã, às 16h, no teatro Arthur de Azevedo, o Pia Fraus reestréia a peça "Gigantes de Ar", uma montagem voltada à crianças, retomando o trabalho de manipulação de bonecos.


Peça: "Éonoé, uma Cosmogonia"
Direção: Francisco Medeiros Elenco: Beto Andretta, Domingos Montagner, Caio Stolai e Sheila Areias Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Pompéia, tel. 3871-7700) Quando: hoje e amanhã, às 20h; domingo, às 19h Quanto: entrada franca



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