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Violência motivou iniciativa
da Sucursal do Rio
O "Arte de Portas Abertas", que
aconteceu pela primeira vez em
outubro de 1996, foi inspirado no
"Open Studios", um evento semelhante que acontece em Cambridge, na Inglaterra.
A idéia foi levada ao Viva Santa
-associação de moradores que
organiza o "Arte de Portas Abertas"- pelo casal de artistas plásticos Clara Arthaud e Roberto Sá.
A iniciativa teve o objetivo de
amenizar o clima de tensão que
predominava entre os habitantes
de Santa Teresa, numa época em
que o bairro era destaque nos noticiários pelos crimes frequentes e
disputas entre traficantes de suas
favelas.
"O mais importante do evento é
o clima de solidariedade na comunidade de Santa Teresa", contou
Renata Bernardes, que integra a
comissão de organização do "Arte de Portas Abertas".
A artista plástica Carmem
Thompson disse que não participou das duas primeiras edições do
evento porque ficou "receosa" de
abrir sua casa para pessoas que
não conhecia, "principalmente
numa época em que a violência
dominava o bairro".
No terceiro "Arte de Portas
Abertas", ela não resistiu aos apelos do Viva Santa para participar e
garante que não se arrependeu.
"Deixo a minha porta aberta
durante dois dias e nunca tive o
menor problema. Jamais sumiu
qualquer coisa", disse a artista
plástica.
"No início achava esquisito ver
estranhos transitando pela minha
casa, mas acabei me acostumando
e fico feliz por perceber que as pessoas se interessam pelo meu trabalho. Muitas voltam para saber se
há novidades."
Segundo Carmem, na última
edição do evento, em novembro
do ano passado, cerca de 400 pessoas visitaram sua casa de três andares, que é um misto de ateliê, residência e estúdio de dança, já que
ela também é bailarina.
"Nós nos tornamos um grupo
coeso. Aos poucos estamos conseguindo resolver problemas da comunidade", disse Carmem, que
pretende usar seu estúdio para dar
aulas de dança para crianças carentes de Santa Teresa.
Os participantes do "Arte de
Portas Abertas" são escolhidos
por cinco curadores, que fazem
parte do Viva Santa, sob os seguintes critérios: o artista deve ser
morador do bairro e possuir produção constante, e seu ateliê deve
ter espaço suficiente para receber
o público.
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