São Paulo, sexta, 22 de maio de 1998

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Violência motivou iniciativa

da Sucursal do Rio

O "Arte de Portas Abertas", que aconteceu pela primeira vez em outubro de 1996, foi inspirado no "Open Studios", um evento semelhante que acontece em Cambridge, na Inglaterra.
A idéia foi levada ao Viva Santa -associação de moradores que organiza o "Arte de Portas Abertas"- pelo casal de artistas plásticos Clara Arthaud e Roberto Sá.
A iniciativa teve o objetivo de amenizar o clima de tensão que predominava entre os habitantes de Santa Teresa, numa época em que o bairro era destaque nos noticiários pelos crimes frequentes e disputas entre traficantes de suas favelas.
"O mais importante do evento é o clima de solidariedade na comunidade de Santa Teresa", contou Renata Bernardes, que integra a comissão de organização do "Arte de Portas Abertas".
A artista plástica Carmem Thompson disse que não participou das duas primeiras edições do evento porque ficou "receosa" de abrir sua casa para pessoas que não conhecia, "principalmente numa época em que a violência dominava o bairro".
No terceiro "Arte de Portas Abertas", ela não resistiu aos apelos do Viva Santa para participar e garante que não se arrependeu.
"Deixo a minha porta aberta durante dois dias e nunca tive o menor problema. Jamais sumiu qualquer coisa", disse a artista plástica.
"No início achava esquisito ver estranhos transitando pela minha casa, mas acabei me acostumando e fico feliz por perceber que as pessoas se interessam pelo meu trabalho. Muitas voltam para saber se há novidades."
Segundo Carmem, na última edição do evento, em novembro do ano passado, cerca de 400 pessoas visitaram sua casa de três andares, que é um misto de ateliê, residência e estúdio de dança, já que ela também é bailarina.
"Nós nos tornamos um grupo coeso. Aos poucos estamos conseguindo resolver problemas da comunidade", disse Carmem, que pretende usar seu estúdio para dar aulas de dança para crianças carentes de Santa Teresa.
Os participantes do "Arte de Portas Abertas" são escolhidos por cinco curadores, que fazem parte do Viva Santa, sob os seguintes critérios: o artista deve ser morador do bairro e possuir produção constante, e seu ateliê deve ter espaço suficiente para receber o público.



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