das agências internacionais

Um David Lynch surpreendente, com um "road movie" protagonizado por um septuagenário, e um Manoel de Oliveira repetitivo e banal: assim foi o dia ontem no festival de Cannes.
O novo filme de Lynch, "The Straight Story" (A História de Straight), surpreendeu pela mudança no estilo do diretor norte-americano.
O próprio título é um jogo de palavras que mostra a mudança de rumos. Ao mesmo tempo que Straight é o nome do protagonista, também pode se traduzir como A História Direta -ou Careta.
Ganhador da Palma de Ouro em 90 com "Coração Selvagem", Lynch voltou ao festival com uma história realmente direta, muito distante dos itinerários labirínticos, das atmosferas sórdidas e dos estranhos sonhos a que seus espectadores estavam acostumados.
Em uma cidade ao norte de Iowa, Alvin Straight, de 73 anos, está se recuperando de uma queda quando sabe que seu irmão mais velho Lyle, com quem não fala há dez anos, está muito mal de saúde.
Apesar de também não estar muito bem, Straight decide ir visitar o irmão em Wisconsin e começa uma viagem de centenas de quilômetros em um pequeno trator.
As filmagens começaram em setembro de 98 nos campos de milho de Iowa e se deslocaram até o leste e o norte, seguindo a rota do fazendeiro até a casa de seu irmão. A equipe chegou a Wisconsin no outono, quando as cores são mais intensas.
O filme foi concluído em outubro passado, e toda a equipe viveu e trabalhou com os habitantes de cada uma das cidades que serviram de cenário: Laurens, New Hampton, West Bend, West Union, Clermont e Mount Zion.
O nonagenário diretor português Manoel de Oliveira apresentou "La Lettre" (A Carta). Com estrutura de telenovela e baseada livremente no livro "A Princesa de Clèves", de Madame de Lafayette, o filme é abundante em diálogos banais, situações ridículas e um humor um tanto infantil.
O tema do amor impossível, da fidelidade a uma idéia, da salvação pelo sofrimento, aparecem, como em muitos outros filmes de Oliveira, nessa obra, protagonizada por Chiara Mastroianni.


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