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CINEMA/ESTRÉIAS
"SHREK"
Guerra animada
"Shrek", da DreamWorks, estréia hoje no Brasil após afundar a bilheteria de "Atlantis", da Disney, nos EUA
MILLY LACOMBE
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Quando a DreamWorks começou a trabalhar no bicho-papão
verde que hoje conhecemos como
Shrek, há quatro anos, a única
coisa que o estúdio de Steven
Spielberg sabia é que precisava
urgentemente de um desenho
animado diferente de tudo o que
já havia sido feito até hoje.
Com o fracasso de "Caminho
para Eldorado" ("o filme não tinha nada de especial, essa é a verdade", confessou Jeffrey Katzenberg, sócio de Spielberg, à Folha)
e a receptividade morna a suas
duas outras criações, "Formiguinhaz" e "O Príncipe do Egito", o
jovem estúdio contava, talvez,
com mais uma chance de mostrar
a público, crítica e à megaconcorrente Disney que era capaz de
produzir animações que fossem
sucesso inconteste.
E o monstruoso sucesso aconteceu com tons sarcásticos, paródias inteligentes e na forma de um
bicho-papão que arrecadou, apenas no fim de semana de lançamento, US$ 50 milhões nos Estados Unidos, bombardeou "Pearl
Harbor", que, todos esperavam,
seria o lançamento do ano, e afundou "Atlantis - O Reino Perdido",
ambos projetos do ex-empregador de Katzenberg (Disney). "A
Disney vai nos agradecer porque
estamos revivendo a animação",
comemorou o diretor Andrew
Adamson.
Até a última terça-feira, segundo dados da DreamWorks, a arrecadação de "Shrek" atingiu a cifra
de US$ 200 milhões.
E o ogro que toma banho de lama, não gosta de personagens infantis e recentemente passou dez
dias em Cannes prepara-se para
se transformar em uma máquina
de dinheiro para seus criadores.
Uma versão em 3-D está quase
concluída, o lançamento em vídeo e DVD promete duplicar a arrecadação em bilheteria e a "Parte
2" já foi encaminhada. "Para dar
vida a Shrek, jogamos a cartilha
da animação fora e começamos
tudo outra vez", disse Adamson.
"A idéia era criar um conto de fadas que parodiasse contos de fada
e se transformasse no anticonto
de fadas. Por isso era inevitável
que fizéssemos referências aos
clássicos da Disney."
As referências a que ele se refere
vão das mais óbvias, como as feitas a Pinóquio, Branca de Neve e
Cinderela, até as mais camufladas, como a dirigida ao chefão da
Disney, Michael Eisner, menção
que Katzenberg apressa-se em negar. "Claro que lorde Farquaad [o
rei baixinho que fisicamente lembra Eisner e é o vilão da história"
não é uma alusão a ele. Farquaad
talvez seja uma referência a todos
os executivos da indústria, mas
nunca a Eisner especificamente."
Mas a verdade é que a rivalidade
entre os dois estúdios aumenta a
cada dia. Não só porque Katzenberg é um dissidente, mas também porque a DreamWorks ousou concorrer de igual para igual
com a Disney naquilo que ele faz
de melhor, a animação. "É uma
briga boa, às vezes saudável, às vezes suja", disse Adamson. "Com o
sucesso de "Shrek", todos ganhamos. Quando a maré aumenta,
ela flutua mais de um barco", disse Don Hahn, produtor de
"Atlantis", o novo desenho da
Disney.
Fato é que "Shrek", para Katzenberg, tem sabor especial. O
executivo, sabendo que essa era
sua grande chance, dedicou-se a
esse filme como a nenhum outro
até hoje. "Ele esteve presente quase diariamente, dando palpites,
fazendo alterações", disse Lucia
Modesto, a brasileira que deu gestos, pele, músculos e formas ao
adorado monstro.
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