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CINEMA/ESTRÉIAS
"SHREK"
Longa de animação, que estréia hoje, tem enredo que segue rigorosamente a construção dos contos de fada
Dese nho fala às emoç ões das crian ças
MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA
"Shrek" acabou de estrear
e já é conto de fadas clássico, de tão exato em suas características estruturais. Em primeiro
lugar, o filme fala perfeitamente
às emoções de crianças a partir
dos quatro anos, que já conhecem
de cor as histórias maravilhosas
dos irmãos Grimm e de Charles
Perrault -"Chapeuzinho Vermelho", "Branca de Neve", "Cinderela", entre outras-, além de
outros clássicos como "Pinóquio"
(Carlo Collodi) e "Os Três Porquinhos" (Joseph Jacobs).
Em segundo lugar, o desenvolvimento do enredo segue rigorosamente a construção dos contos
de fada. Há um herói (Shrek) e
uma heroína (a princesa Fiona)
que precisam superar obstáculos
e que sofrem metamorfoses -ele
se transforma de mau em bom -
para alcançar o final feliz.
A história de "Shrek" tem uma
aparência paradoxal, pois o bem é
praticado por um personagem
originalmente mau, famoso por
devorar crianças com sua fome
infinita. Trata-se do ogro Shrek,
que odeia a convivência com outras criaturas e prefere se isolar
num pântano só dele.
Só que Shrek perde o sossego
porque outros personagens dos
contos clássicos invadem seu paraíso. Então o espectador se vê
diante dos seus velhos conhecidos
da hora de dormir. O Burro Falante, Branca de Neve, os porquinhos, o lobo e Pinóquio refugiam-se no pântano para se livrar do
malvado Lorde Farquaad, cujo
sonho é se tornar um príncipe
através de um casamento real.
Shrek entra em ação para resolver o problema do lorde e, em troca, retomar a posse de suas terras.
É o que Farquaad promete ao
ogro, desde que Shrek mate o dragão e traga a princesa Fiona para
seu castelo. O caminho é longo até
o desenlace, em cenas belíssimas
de desenho animado, com lutas
fantásticas e cenários que se aproximam da melhor pintura realista
em cada tom de pele, em cada gesto, em cada planta retratada.
Porque dominam o repertório
de "Shrek", as crianças são capazes de reconhecer todas as peripécias e naturalmente torcem pelos
heróis e se identificam com eles,
não importa se os protagonistas
são deslocados de suas posições
originais e assumem os papéis
dos heróis que praticam o bem.
Além disso, "Shrek" tem o dom
da exatidão metalinguística. A
princesa Fiona é valente e ágil na
luta como a heroína de "O Tigre e
o Dragão". Ela é escolhida pelo
feioso lorde mediante uma consulta ao espelho da Branca de Neve, numa espécie de agência de
matrimônio em um videogame.
O Burro atua como a consciência do Grilo Falante ou da fada Sininho. O próprio Shrek é ogro e
Fera e é capaz de mudar de atitude
por influência do amor de sua Bela. Será mesmo bela? Essa é a moral da história.
Shrek
Shrek
Direção: Andrew Adamson e Vicky
Jenson
Produção: EUA, 2001
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Eldorado, Lar Center e circuito
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