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MÚSICA/LANÇAMENTO
A contraventora do hip hop
Em seu terceiro álbum, a cantora americana Missy "Misdemeanor" Elliott
une o gênero a funk, house, cítara e... sexo
DENISE MOTA
EDITORA-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
N o que ela não tenha se importado (um pouco) com isso antes. Mas agora isso é só o que
importa para Missy "Misdemeanor" Elliott: sexo.
Ele é o dínamo que transforma
"Miss E... So Addictive" -terceiro álbum da cantora norte-americana, que chega agora ao Brasil-
em uma sucessão de composições
que mesclam estilos diversos para
abordar conquistas e perdas amorosas, namoros, traições, atração
física, relacionamentos.
É assim que se alia o tradicional
hip hop de Elliott a cítaras (em
"Get Ur Freak On"), house ("4 My
People"), funk das antigas (em
"Old School Joint") e rhythm &
blues dos melosos mesmo ("Take
Away") em um único álbum,
idealizado para "fazer as pessoas
se esquecerem dos problemas",
algo que pudesse ser tocado "num
churrasco, sem que fosse necessário pular faixas", segundo ela.
É assim também que a ex-garota aparentemente durona (o apelido "Misdemeanor" significa
"contravenção", em inglês), criadora dos álbuns "Supa Dupa Fly"
e "Da Real World", deixa para trás
o recurso de deixar as partes mais
"quentes" para os convidados de
seus CDs e assume os vocais para
afirmar coisas como: "Ela cozinha, ela lava, ela costura?". E "eu
me lembro do que você gosta"
(em "Step Off").
É uma mudança e tanto. A cantora cresceu acostumada a ver, na
infância, a mãe sendo surrada pelo pai e ainda tem -por "possuir
familiaridade com o assunto"-
interesse em ajudar vítimas de
abuso sexual (tema no qual sempre toca pela tangente). Elliott auxilia financeiramente uma associação dedicada a adolescentes
com esse tipo de problema.
Por suas experiências pessoais,
a cantora afirma ter se distanciado, na adolescência, de tudo o que
pudesse lembrá-la do terror doméstico. Leia-se: homens. "Não
vou dizer que sou celibatária, mas
decidi cedo que nunca dependeria de um homem", afirma.
Ou seja que, apesar da considerável guinada romântica, a antiga
verve de "garota superpoderosa"
ainda não deu lugar completamente à de "amada amante". Ela
continua a desafiar o mundo
masculino, como em "Slap! Slap!
Slap!": "Eu faço as regras, eu visto
as calças", vocifera.
Apelidada de a "Puffy Mommy"
do mercado -alusão ao rapper
Sean Combs, ou Puff Daddy-,
em razão da intensa atividade empresarial que ambos têm, além da
carreira artística, Elliott estuda
atualmente proposta de Mick Jagger para a co-produção e criação
de canções para um novo disco
dos Rolling Stones.
A cantora também está por trás
de músicas interpretadas por nomes como Whitney Houston,
Christina Aguilera, Mariah Carey
e Mel B.
De acordo com ela, o que move
algumas dessas aproximações é
dinheiro. A produtora, compositora e executiva de gravadora nascida no Estado da Virgínia tem
entre suas características dissociar o lado artístico e empresarial
de sua persona.
"Se alguém quer tirar a roupa
para vender discos, tudo bem,
desde que me convide para fazer
alguma faixa do CD", afirma, provocativamente, sobre a desgastada recorrência de caras, bocas e
curvas milimetricamente perfeitas exibidas à exaustão entre o
mundo pop feminino.
Outras parcerias, porém, são
fruto de pura tietagem. É o caso
da influência de (quem diria...) Janet Jackson sobre Missy Elliott.
A irmã de Michael era o ídolo de
adolescência da atual vanguardista do hip hop. E o resultado da
atual amizade entre as duas está
em "4 My People", do novo CD,
cuja sonoridade, segundo a cantora, apareceu depois que Janet a
levou por uma incursão noturna
aos clubes norte-americanos.
""4 My People" é diferente do
que se poderia esperar normalmente de algo vindo de mim.
Quando Janet me levou a um desses clubes, pensei: "Posso criar sobre isso e fazer o hip hop soar de
outra forma"." Sem dúvida nenhuma.
Miss E... So Addictive
Artista: Missy Elliott
Lançamento: WEA
Quanto: R$ 25, em média
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