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CRÍTICA
Livro é sobre um músico, escrito por músicos e para músicos
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Político, polêmico, vanguardista: as várias facetas de
Jorge Antunes aparecem na coletânea "Uma Poética Musical Brasileira e Revolucionária".
Sendo o livro organizado pelo
próprio compositor e lançado por
uma editora de sua propriedade,
seria lícito se esperar uma hagiografia. Mas, embora o tom dos 22
autores seja mesmo de admiração
para com Antunes, há também
espaço para restrições e críticas
negativas, como o juízo de valor
expresso por Ricardo Tacuchian
sobre sua "Sinfonia em Cinco
Movimentos": "Como obra de repertório (será que isso ainda existe?) fica aquém de outros grandes
painéis sinfônicos de sua lavra".
Algumas discussões suscitadas
nas análises (como Flávio Silva falando de ritmo livre ou Rodolfo
Coelho de Souza refletindo sobre
a música aleatória) transcendem,
por certo, as obras analisadas.
Mas, se trata, sempre, de um livro
sobre um músico, escrito por músicos e para músicos.
Historicamente, talvez os trechos de maior interesse sejam os
que relatam o diletante início de
carreira do compositor.
Tendo se impressionado com
um concerto de música de vanguarda dado por Eleazar de Carvalho, no Rio de Janeiro, em 1961,
o jovem violinista e estudante de
física começa a construir instrumentos em casa, às vezes com resultados prosaicos: quando o
compositor tinha 24 anos de idade, Mara, sua irmã mais nova, deu
um tropeção acidental no fio do
microfone Philips que captava
sons de água em um balde; Antunes não se irritou, porque o microfone "não teve sua qualidade
afetada: continuou tão ruim
quanto antes".
O retrato fica completo com as
menções às obras de conotação
política, que incluíram desde a
utilização de textos do anarquista
francês Proudhoh a ataques ao
AI-5, passando por homenagens
ao arcebispo salvadorenho Oscar
Arnulfo Romero.
(IRINEU FRANCO PERPETUO)
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