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Merchandising bate recorde, diz autor de novela
DA REPORTAGEM LOCAL
Cena de "Mulheres Apaixonadas" na semana passada:
Carlinhos preenche envelopes
da promoção Nestlé. "A gente
está concorrendo a uma casa",
diz sua avó. "O mesmo valor da
casa eles entregam em produtos para a campanha contra a
fome", responde o garoto.
A propaganda da Nestlé, em
sua quarta ação de merchandising na novela das oito da Globo, terminou com ar didático:
"São só oito rótulos diferentes
em cada envelope".
"Mulheres Apaixonadas",
um dos melhores ibopes da
história da Globo, já é também
seu "maior sucesso de merchandising", segundo o autor,
Manoel Carlos. A informação
lhe foi dada pelo departamento
responsável pelos anúncios,
com o qual mantém uma relação próxima para definir que
produto pode entrar na história e como aparecerá em cena.
De acordo com o escritor, a
publicidade só entra entre o 40º
e o 50º capítulos. É o tempo para que ocorram as negociações
com anunciantes. "Mulheres"
acaba de passar do centésimo e
já teve mais de 40 inserções.
Na última semana, o Omo levou personagens à lavanderia.
A protagonista Helena (Christiane Torloni) deu bronca no
filho, que havia sujado uma camiseta. Em frente à embalagem, a empregada interveio: "É
só jogar na máquina e pronto".
Em outro capítulo, a moça que
trabalha na casa de Carlinhos
declarou na área de serviço,
diante da caixa do sabão: "É só
colocar na máquina e pronto".
A novela tem até uma personagem, Ana (Regina Braga),
que é consultora da Natura.
Manoel Carlos diz ser favorável ao merchandising, que deve
"ter critério e entrar de modo
natural na história". "Minhas
novelas tratam do cotidiano
das pessoas e ficam mais realistas com os produtos", afirma.
É quase uma volta às origens.
Nos EUA, as novelas foram batizadas de "soap opera" por terem sido patrocinadas por fábricas de sabão ("soap", em inglês). No Brasil, as primeiras
foram custeadas pela Gessy Lever, a fabricante do Omo.
Para o consultor de mídia
Antonio Rosa Neto, essa é uma
tendência que revela a modernização do marketing. "O comercial não tem mais o papel
de ser a única ferramenta publicitária. As marcas retomam
o aprendizado de se relacionar
melhor com o público."
(LM)
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