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DOCUMENTÁRIO
Finlandês "Moro no Brasil" estréia na França e é elogiado pela crítica
Sons do Brasil vão às telas francesas
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM PARIS
Na semana em que a coreógrafa Pina Bausch estreou em
Paris, no Thêatre de La Ville,
"Für die Kinder von Gestern,
Heute und Morgen" (Para as
Crianças de Ontem, Hoje e
Amanhã), com direito a uma
dança solo animada pela canção "Leãozinho", de Caetano
Veloso, e com os ritmos de Nana Vasconcelos e Amon Tobin
na trilha sonora, a música brasileira ganhou destaque também em cinemas da França.
"Moro no Brasil", filme-documentário do diretor finlandês Mika Kaurismäki (irmão
de Aki Kaurismäki, de "O Homem sem Passado"), já exibido
nos festivais de Berlim, Recife e
Mar del Plata, foi lançado nacionalmente no país na última
quarta, em 20 salas.
Com a câmera na mão e os
ouvidos atentos, Mika percorreu um trajeto de 4.000 km por
Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, registrando os sons
do forró, samba, xote, maracatu, embolada, coco e frevo. Participam da aventura musical
nomes como Walter Alfaiate,
Margareth Menezes, Seu Jorge,
Dona Zélia, Velha Guarda da
Mangueira, Banda de Pífaros
de Caruaru, Mestre Salustiano
e Silvério Pessoa.
Mika descobriu a música
brasileira ao trocar, em 1974,
um disco de vinil do Deep Purple por uma compilação de
música brasileira, episódio
contado em voz off no filme.
"Moro no Brasil" recebeu
boa acolhida da crítica francesa. Para a revista "Les Inrockuptibles", o interesse do documentário de Kaurismäki está na abordagem que ultrapassa os clichês pitorescos e festivos do Brasil. Para o jornal "Le
Monde", o charme do filme
emerge quando o diretor abandona o rigor de seu "olhar antropológico"e mostra as performances dos artistas.
Já para o jornal "Libération",
"há uma mitologia e uma história que palpitam nesse caldo
musical, mas Kaurismäki não
aproveitou sua chance". Para
conhecer a música do Nordeste
brasileiro, o crítico do jornal
sugere ao leitor os filmes "O
Dragão da Maldade contra o
Santo Guerreiro" (1969) e
"Deus e o Diabo na Terra do
Sol" (1964), de Glauber Rocha.
Atualmente Mika Kaurismäki mora durante boa parte do
ano no Brasil -no Rio de Janeiro, onde abriu um bar.
Numa entrevista à revista
francesa "Nova" por ocasião
do lançamento do filme no
país, disse que a Finlândia se
tornou um lugar exótico para
ele. "Aliás, nunca retorno para
lá no verão, no sol da meia-noite. Prefiro o frio e a noite, que
cai às 15h." Suas raízes? "Estão
na Finlândia, mas tenho laços
no Brasil... e em outros lugares
do mundo."
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