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ERUDITO
Responsáveis estudam parcerias para produções
Encontro em BH discute itinerância para aumentar montagens de ópera
JOÃO BATISTA NATALI
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Há algo de pobre na produção
de óperas no Brasil. Curitiba não
montará nenhuma ópera neste
ano. O Rio montará só três, o
mesmo número que Porto Alegre,
Belém e Manaus. Brasília montará duas, Salvador e Belo Horizonte, uma. São Paulo terá cinco.
Uma das propostas para diminuir os custos e aumentar o número de montagens estaria teoricamente nas "itinerâncias", que
fazem circular um espetáculo por
muitas cidades. É o que foi discutido na última sexta em Belo Horizonte, em encontro de 21 secretários estaduais de Cultura e diretores de teatros líricos.
Eles assinaram um protocolo e
colocaram no circuito a Funarte,
órgão do Ministério da Cultura
que possui uma coordenação para a ópera. Em princípio, dentro
de 30 dias estará pronto um edital
que entrega à União a formatação
das co-produções e a busca de patrocínio unificado de estatais.
As parcerias até já existem. Belém, por exemplo, emprestou os
cenários e figurinos, mas também
o maestro e a diretora cênica
(Carla Camurati) de uma montagem mineira do ano passado de
"O Barbeiro de Sevilha", de Rossini. Também obteve do Municipal
de São Paulo os figurinos de uma
"Carmen", de Bizet.
Não se sabe ao certo em quanto
o mecanismo baratearia os custos
de uma ópera. Seria de 45%, segundo alguns dos participantes
do encontro. Bem menos que isso, disse Lúcia Camargo, diretora
artística do Municipal paulistano.
Sua última produção, "Romeu e
Julieta", de Gounod, ficou em R$
850 mil, dos quais direção cênica,
cenografia e 450 figurinos corresponderam a um terço do orçamento. O resto para os cantores.
Mesmo assim, nem todos os patrocinadores aceitariam fazer alguma economia. Em Porto Alegre, por exemplo, um deles dispensou uma "itinerância" porque
achou que teria mais prestígio
com a montagem original de
"Don Giovanni", de Mozart.
Há também a definição do que
seja uma produção lírica. Luiz
Fernando Malheiro, diretor dos
corpos artísticos do teatro Amazonas, que terminou neste ano
um ciclo completo do "Ring", de
Wagner, diz que não basta ceder
cenários e figurinos. Estão embutidas no espetáculo as direções cênica e musical. Ou seja, seria preciso que, ao hospedar uma montagem alheia, determinado teatro
ficasse com o pacote completo.
É provável que a "itinerância"
tenha outras vantagens para teatros do interior -há montagens
líricas em Campinas e Ribeirão
Preto, por exemplo- ou para
aqueles de capitais que não estavam entre as nove representadas
no encontro de Belo Horizonte.
Mesmo assim, já é um bom início de discussão, para que a ópera
siga o exemplo de produções itinerantes que já funcionam para o
público de teatro, conforme experiência do Nordeste, e também de
música popular.
O jornalista João Batista Natali viajou a
Belo Horizonte a convite da Fundação
Clóvis Salgado, do governo de Minas Gerais
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