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COMIDA
Um clássico argentino
Chegada dos alfajores Havanna a São Paulo coloca em evidência o doce
que vem sendo produzido há anos pelos imigrantes que moram aqui
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Havanna virou sinônimo de
alfajor e item obrigatório na bagagem de todo brasileiro em visita à Argentina. Ícone máximo
do doce a marca pode continuar sendo; suvenir, não mais.
Na próxima terça, dia 27, a Havanna inaugura seu primeiro
café no Brasil e, ainda neste
mês, um quiosque no shopping
Iguatemi.
Em meio à euforia causada
pela chegada dos famosos alfajores de Mar del Plata, convém
lembrar que há anos imigrantes argentinos radicados em
São Paulo produzem alfajores
dignos de reverência.
Na pequena loja dos Alfajores Itati, no Jardim Paulista,
não há espaço para aparatos. O
que se encontra de cara é a hospitalidade portenha de Laila
Emma Zogbi, 71, há 44 anos no
Brasil, dos quais 25 fazendo delicados alfajores. A receita foi
desenvolvida por Laila aqui.
"Lá tem tanto que você vai e
compra, não faz", diz. "Fui experimentando e experimentando até chegar a esta receita."
Os primeiros alfajores Itati
mantiveram a tradição argentina de banhar em glacê (mistura
de clara de ovo, açúcar de confeiteiro e limão), e não em chocolate, as bolachas previamente recheadas com uma generosa camada de doce de leite. Só
depois é que vieram as coberturas de chocolate branco ou preto -estas sim as versões mais
difundidas entre os brasileiros.
O doce de leite empregado é
nacional: vem do interior de
Minas Gerais -há ainda versões com goiaba, musse de limão, doce de leite com café,
com nozes e castanha de caju.
Brigadeiro argentino
Foi vendendo empanadas e
alfajores, há 26 anos, que a argentina Ana Massochi, 55, deu
início ao Martín Fierro, na Vila
Madalena. Desde então, os doces se tornaram um de seus carros-chefes. Além de dois tipos
mais convencionais (o tradicional e uma variação com nozes),
o Martín Fierro produz ainda
um alfajor de maisena. Sem cobertura, a borda de doce de leite
é envolvida em coco ralado.
"Eu diria que o alfajor na Argentina é o brigadeiro no Brasil.
Festa de criança sem alfajor de
maisena não é festa", conta
Massochi. "No início, fazíamos
só o de maisena. Uma vez que
pegou, começamos a produzir
os de Mar del Plata."
A distinção feita por Massochi ("os de Mar del Plata") não é
casual. Apesar de ser consumido em toda a Argentina, cada
local tem uma maneira de prepará-lo. Em Mar del Plata, o doce consiste de duas bolachas de
chocolate entremeadas por
uma camada de doce de leite e
envoltas em chocolate ou em
glacê. Em Santa Fé, o doce pode
ser feito em tamanho individual ou maior, como uma torta.
Sobreposta em várias camadas,
a massa é salgada e mais dura, e
o doce de leite, bem adocicado e
firme. A cobertura é de glacê.
Em Córdoba, além de a massa
se assemelhar mais a um bolo
que a uma bolacha, os alfajores
são recheados com geléia de
frutas e não têm cobertura.
Mas qual a origem do alfajor?
"O alfajor é um legado fundamental da civilização árabe
mourisca do sul da Espanha",
explica Ricardo Maranhão, historiador e professor da Anhembi Morumbi. "A Andaluzia era a
pérola da civilização árabe medieval, e a cidade de Medina Sidonia foi uma espécie de capital
do alfajor do mundo árabe."
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