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Cinema/estréias - Crítica/"Treze Homens e um Novo Segredo"
Ladrões-galãs satirizam mundo do jogo
No terceiro filme da série, George Clooney e Brad Pitt lideram vingança contra um dono de cassinos vivido por Al Pacino
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quando se referem às
bolsas de valores contemporâneas, ligadas
on-line, jornalistas econômicos
falam de um cassino global,
funcionando 24 horas por dia.
Nós, leigos, não entendemos
bulhufas do que dizem, mas
suspeitamos que, enquanto os
homens do dinheiro se locupletam com os valores, nós outros
estamos perdendo algo.
É desse mundo que fazem
parte Danny Ocean (George
Clooney) e seus ladrões. É desse mundo que, ao chegarem ao
terceiro exemplar da série,
"Treze Homens e um Novo Segredo", vão quase se tornando
um emblema. E é esse mundo
que atacam sem cerimônia.
Eles não atacam, claro, as
bolsas -o que provocaria um
desastre mundial. Mas atacam
cassinos -o que, simbolicamente, dá no mesmo.
Senão, vejamos. Todos suspeitamos que as esferas de poder e dinheiro deste mundo baseiam-se em uma sucessão de
falcatruas (no Brasil suspeitamos um pouco mais, mas o fenômeno é mundial). E quem
melhor poderia representar esse mundo do que os donos dos
cassinos? São eles, por excelência, os caras que viciam dados,
marcam cartas, adulteram roletas de modo a depenar os jogadores e vencer sempre.
Desse mundo viciado, Ocean
e seus comparsas são os vingadores. São novos Robin Hoods,
indo à forra por nós, classe média, que sempre nos sentimos
depenados pelos poderes.
A idéia de vingança, aliás,
surge desde as primeiras imagens de "Treze Homens...": um
deles, Reuben (Elliott Gould) é
espoliado pelo magnata Al Pacino, sujeito tão agressivamente desonesto quanto poderoso.
Reuben sofre um AVC ou algo
assim e fica paralisado em uma
cama. Pacino prepara-se para
inaugurar um cassino que pretende revolucionar Las Vegas.
Ocean, Rusty (Brad Pitt) e os
demais armam-se para arruinar a vida do desonesto Bank.
Cada um dos ladrões do grupo
tem sua especialidade. A trama
supõe uma infinidade de "subplots", desenvolvidos com tal
rapidez que nem sequer chegamos a reter porque a horas tantas um deles entra em um tubo
de ventilação ou um outro vende uma máquina de jogo.
Não se trata de um problema
narrativo: não há a menor importância saber o que cada um
está fazendo. Importa que conhecemos a finalidade da trama e adivinhamos sua conclusão. Assim, a função que os roteiristas desempenham, e muito bem, é a de bolar situações
inesperadas e bem-humoradas,
em um quadro previsível.
Daí resulta uma dessas boas
diversões de final de semana,
de que o espectador sairá satisfeito por julgar que o dinheiro
do bilhete (caro) não foi perdido. No mais, ele poderá se sentir vingado desse mundo de fortunas mal explicadas, de fraude
e embusteiros, de jogos de poder e dinheiro incompreensíveis a nós mortais. Depois, podemos até esquecer o que vimos -mas isso é outra história.
TREZE HOMENS E UM NOVO SEGREDO
Produção: EUA, 2007
Direção: Steven Soderbergh
Com: George Clooney, Al Pacino
Quando: em cartaz nos cines Bristol,
Unibanco Arteplex e circuito
Avaliação: bom
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