São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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FILMES

O Espantalho
SBT, 14h30.
  
(The Scarecrow). EUA, 1999. Direção: Brian Nissen, Richard Rich. Bruxinha simpática dá vida a um espantalho para que ele possa recuperar as moedas de uma menina por quem era apaixonado e que se destinavam a livrar a garota do malvado conde Grisham.

Polícia Desmontada
Globo, 16h.
 
(Dudley Do-Right). EUA, 1999, 77 min. Direção: Hugh Wilson. Com Brendan Fraser, Eric Idle, Sarah Jessica Parker. Dudley é o inepto oficial da polícia montada canadense que precisa enfrentar um vilão e ainda impedir que ele tome posse de sua amada. Comédia pastelão à moda de Wilson, criador da "Loucademia de Polícia".

A Cela
SBT, 22h30.
 
(The Cell). EUA, 2000, 107 min. Direção: Tarsem Singh. Com Jennifer Lopez, Vince Vaughn. Patrick Bauchau. Psicopata entra em coma antes de revelar o cativeiro de suas vítimas, onde há uma garota. Uma médica usará terapia neurológica avançada, a fim de entrar em contato com a mente perturbada do criminoso, de modo a salvar a vítima.

Aliança Mortal
Record, 22h30.
 
(Wedlock). EUA, 1991, 102 min. Direção: Lewis Teague. Com Rutger Hauer, Mimi Rogers. Em presídio do futuro, internos são unidos, aos pares, por colares que explodirão se seus portadores se afastarem. É claro que há uma mocinha e um mocinho. E que vão se descobrir e fugir. E a gente só torcendo pela redentora explosão, que nunca vem.

Intercine
Globo, 1h35.

Para quinta, a emissora programou a disputa entre "Mistério na Neve" (1997, de Bille August, com Julia Ormond, Gabriel Byrne) e "Finalmente Amigos" (1995, de John David Coles, com Kathleen Turner, Colm Feore).

Incógnito
SBT, 2h10.
  
(Incognito). EUA, 1997, 108 min. Direção: John Badham. Com Jason Patrick, Irene Jacob, Ian Richardson, Rod Steiger. Falsário pinta um Rembrandt tão perfeito que seus sócios passam a acusá-lo não apenas de ter roubado a obra como de ter praticado um assassinato. Bom princípio em filme que não emplacou.

O Trambique do Século
Globo, 3h45.
  
(The Great White Hype). EUA, 1996, 91 min. Direção: Reginald Hudlin. Com Samuel L. Jackson, Jeff Goldblum, Damon Wayans. A referência, desde o título original, é "A Grande Esperança Branca" , de Martin Ritt. Só que aqui o ambiente do boxe é moderno e meio que vira piada. Jackson é o empresário do campeão de boxe negro Wayans em busca de um adversário que dê ibope o bastante para que os negócios continuem rendendo.

Tinto Brass manda bala

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Não há no cinema contemporâneo nenhum diretor mais transgressor do que o italiano Tinto Brass.
Por transgressor podemos entender alguém que, tratando de sexualidade, não permite que ela se banalize.
E, que fique bem claro, isso não significa que Brass coloca panos quentes (ou usa biombos, ou filtros estetizantes, ou filtros ocultantes): ele manda bala, e quem gostar gostou.
Em "Luxúria" (Telecine Emotion, 23h45), uma bela mulher italiana apaixona-se por um tenente alemão no final da Segunda Guerra. A ironia é aberta e o tenente tem cara de michê.
Não importa: a paixão leva a mulher a trair o marido (o que não é difícil), o país, tudo. E que bom: um cineasta que não se quer artista é sempre coisa animadora.

CINEMA

Documentário explora segredos do escuro

CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DA ILUSTRADA

Com pipoca ou sem, todo mundo sabe que gostar de filmes independe do milho. Trata-se de muito mais, como demonstra, com graça e profundidade, "Na Poltrona do Cinema".
A começar pelos olhos. Enquanto os animais aprovam ou desaprovam de acordo com o olfato, é pelo olhar que o desejo humano se atira.
Mas por que assistir a um filme (no cinema) produz tanto prazer?
Uma pista está na experiência física da situação. No escuro, praticamente presos a um lugar fixo, ir ao cinema corresponde a se tornar um servo voluntário da caverna de Platão. Ali reinava a escuridão e seus habitantes estavam agrilhoados em uma posição na qual só conseguiam ver uma projeção em uma parede -e isso não é mera coincidência.
Ora, além dessa experiência ilusória, o que mais o cinema -antítese da implicância platônica com os simulacros- oferece? Uma situação ao mesmo tempo e na mesma intensidade coletiva e individual. Exemplo: o riso alheio logo contamina como vírus, e o choro também. O comentário em voz alta é incômodo porque nos abstrai do transe. É prazeroso porque é sempre coletivo. E porque, mesmo assim, não deixa de ser individual.
O teatro e a música nos oferecem situação equivalente? Talvez. Já a literatura é, na prática, individualista, egoísta e solitária. Ir ao cinema, portanto, concretiza a utopia de sonhar -mais que de olhos abertos- juntos, de compartilhar emoções sem precisar ultrapassar a inexpugnável barreira de sair de dentro de si.
À diferença das outras artes, a coletividade da sala de cinema aprofunda, além da palavra, o poder da imagem. Por meio dela embarcamos diretamente rumo ao imaginário, à dor e ao riso, à emoção e ao gozo. O fascínio tem inumeráveis razões -como demonstra "Na Poltrona do Cinema". E nem é preciso se tornar cinéfilo para concordar.


NA POLTRONA DO CINEMA. Quando: estréia hoje, às 21h30, no GNT.


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