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Cia. "desequilibra" teatro com cinema
Sexta edição do FIT termina amanhã pautada pela reflexão sobre o relacionamento entre artistas, crítica e público
Criado há dez anos no Rio,
grupo Os Dezequilibrados
ocupa o evento com três
peças em que a dramaturgia
usa a imagem como suporte
VALMIR SANTOS
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO
PRETO
Em seus dez anos, a cia. Os
Dezequilibrados, do Rio de Janeiro, criou dez espetáculos. A
maioria é inspirada na arte do
cinema, que também vira suporte em três projetos apresentados durante ocupação no FIT
(Festival Internacional de Teatro) de São José do Rio Preto,
que termina amanhã.
O exemplo mais evidente é
"Vida, O Filme" (2002), uma
comédia romântica, como gosta de vender Hollywood, sobre
pessoas coladas à ficção.
O vídeo funde imagens gravadas com o aqui e agora no local da apresentação -sempre
um dos galpões da Swift, antiga
fábrica da cidade paulista.
"A linguagem cinematográfica também foi essencial na estruturação da dramaturgia e na
composição dos personagens.
Por exemplo, o ideal do amor
romântico, forjado nos cinemas, está figurado no casal
Johnny e Meg, sonhadores que
esperam ardentemente conseguir viver, em suas vidas, um
rande amor de filme", diz o diretor Ivan Sugahara, 30, que já
fez assistência para Gerald
Thomas e Ron Daniels.
Sob o mote da perda -do
guarda-chuva ao grande
amor-, "Dilacerado" (2004)
reveste-se de documentário e
inclui depoimento pessoal dos
integrantes da cia. Mais uma
vez, embaralhamentos ficcionais e reais em busca da metáfora de que a morte faz parte da
vida e, às vezes, mora nos pequenos detalhes, caso das células do corpo que morreram durante este parágrafo.
Em "Combinado" (2003), a
terceira peça em cartaz no FIT
Rio Preto, uma das referências
é o cinema noir. "O contraste
preto-branco, a fumaça, a valorização da sombra, além do monossilábico e veloz dos atores
na cena final", diz Sugahara.
O público faz as vezes de detetive. Um crime misterioso é
literalmente investigado pelos
espectadores, que se sentam à
mesa e jantam com os suspeitos, com direito a interrogá-los
e conversar entre si.
As três peças da cia. resultam
em um quebra-cabeça cuja
imagem não permitirá indiferença quanto aos experimentos
colaborativos desses artistas da
geração anos 80.
Adiamento
A estréia da montagem russa
de "Noite de Reis", de Shakespeare, foi adiada de sexta-feira
para hoje à tarde, no teatro Municipal de Rio Preto. Problemas
com a liberação da carga.
O espetáculo é uma releitura
do clássico pelo diretor Declan
Donellan, da cia. inglesa Cheek
by Jowl, em co-produção com o
Festival Internacional de Teatro Anton Tchecov, de Moscou.
"Noite de Reis" também vai a
São Paulo, nas próximas terça e
quarta-feiras, no Sesc Anchieta, integrando o projeto Estação de Teatro Russo no Brasil.
O coreógrafo Koffi Kôkô, de
Benin (África), é outro artista
internacional convidado nesta
reta final do evento. Sob uma
seringueira, no terreno da
Swift, a idéia é proporcionar
uma viagem pelos ensinamentos da vida, tradição e atualidade. Em "Les Feuilles Qui Rèsistent au Vent", o coreógrafo cruza elementos da espiritualidade e da poesia sutil do corpo.
Numa das passagens, os dançarinos se movimentam sobre
troncos altos.
Em seu sexto ano, o FIT-Rio
Preto reforça o campo da reflexão em paralelo aos resultados
artísticos que costumam vir a
público sem a mediação de um
pensamento crítico.
Durante todas as tardes, por
duas horas, o segmento Palco
Petrobras põe todos os "personagens" na berlinda, ou pelo
menos assim incita. A pauta de
hoje, por exemplo: "Espetáculo
e Dramaturgia: Platéia, Artistas
e Crítica Falam a Mesma Língua?". Com a palavra, Camões.
A repórter fotográfica LENISE PINHEIRO e o repórter VALMIR SANTOS viajaram a convite da
organização do FIT Rio Preto
6º FIT DE SÃO JOSÉDO RIO PRETO
Quando: até amanhã. Mais informações: tel. 0/xx/17/3216-9300 e
www.festivalriopreto.com.br
Quanto: R$ 5 a R$ 10
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