São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Peça de teatro mescla Maracanã com Shakespeare

MARCOS GRINSPUM FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

"Que época os anos 50!", diz, repetidas vezes, um dos personagens de "Las Julietas", peça da uruguaia Marianella Morena aclamada pelo público no 10º FIT.
Se por um lado a obra identifica a nostalgia de um povo por seu passado, por outro tenta se livrar dessa amarra, propondo um teatro com linguagem contemporânea, bem distante dos padrões tradicionais do país.
Quatro homens entram no palco ao som de Amy Winehouse e dançam de forma cômica enquanto se vestem com trajes tradicionais.
A cena deixa claro que o "jogo", como diz a diretora, será sempre entre presente e passado, em meio a diálogos, brigas, danças e músicas.
Para criar as cenas, Morena partiu do que chama de dois mitos aparentemente sem conexão: o de "Romeu e Julieta" e o do Maracanã (palco da vitória uruguaia na Copa de 1950).
"O "Maracanã" não é apenas o futebol, é a glória do passado próspero que deixa o país parado no tempo. É um fardo muito pesado", afirma.
Sobre a tragédia de Shakespeare, Morena conta que ela serviu de inspiração, mas não queria montá-la usando convenções tradicionais de representação. "Até por serem quatro homens", brinca.
"Então, já partimos de algo com liberdade e humor e mesclamos com o estereótipo do masculino no Uruguai: muito macho, vencedor."
Esse jogo cômico com ares fantasiosos teve, segundo a diretora, uma recepção muito boa do público uruguaio, assim como no FIT. "Mas não com a crítica", diz.
"Há um setor muito conservador no país que acha que fazer teatro é apenas representar um bom texto." Segundo ela, já se observa um início de mudança, mas ainda há dificuldade em romper com a tradição. E, claro, com a nostalgia.


O jornalista MARCOS GRINSPUM FERRAZ hospeda-se a convite do evento


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