|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Violeiros apresentam a verdadeira música sertaneja
Projeto traz, a partir de terça,
alguns dos principais nomes da
viola a São Paulo, como o "guitar
hero" Zé do Côco do Riachão, 85
LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local
Para quem acha que música sertaneja é sinônimo de duplas como
Chitãozinho e Xororó e Leandro e
Leonardo, um festival vai ajudar a
colocar os pingos nos is.
"Violeiros do Brasil", de 26 de
agosto a 7 de setembro no Sesc
Pompéia, reúne nomes como Almir Sater, Pena Branca e Xavantinho, Tavinho Moura, Orquestra
de Viola Caipira de São José dos
Campos e o octagenário Zé Côco
do Riachão, que vão mostrar um
pouco da riqueza da viola, um instrumento que chegou ao Brasil na
bagagem de portugueses, e que,
aqui, ganhou um acentuado sotaque local.
Simultaneamente ao festival,
ocorrem oficinas e uma exposição.
"Quando uma pessoa pega a
viola, ela pega o sertão no colo",
diz o violeiro Roberto Corrêa, para
quem a viola "é a verdadeira linguagem do povo interiorano."
Instrumento bastante comum
no interior do Brasil, principalmente no Nordeste e na região
central do país, a viola é protagonista em folias de reis, folias do divino, catiras, rasqueados, repentes
e em vários outros estilos.
"É impossível aprender a tocar
viola em uma cidade grande. No
interior, dizem que o sertão mora
no bojo da viola", diz o violeiro
Paulo Freire, um paulistano que se
embrenhou no interior de Minas
Gerais para aprender a técnica do
instrumento.
A viola tem um corpo menor do
que o violão, timbre mais agudo e
cinco pares de cordas de aço ou
metal -embora, em alguns casos,
a quarta e a quinta cordas possam
ser triplas.
Há também dois tipos básicos de
viola, a caipira e a de cocho (parecida com o alaúde, típica do Pantanal mato-grossense).
Hoje, segundo os estudiosos, há
cerca de 40 tipos de afinação diferentes para a viola, algumas com
nomes estranhos como "cebolão" ou "rio abaixo".
Ancestral do violão, a viola tem
diferenças também na hora de tocar. "A mão direita tem que ser
mais trabalhada, já que é preciso
tocar em duas cordas de uma
vez", diz Corrêa, lembrando que
os violeiros usam mais os próprios
dedos do que palhetas.
Boa parte dos violeiros torce o
nariz quando ouve Leandro e Leonardo e Chitãozinho e Xororó sendo chamados como duplas de música sertaneja.
"Duplas como Leandro e Leonardo não têm nada a ver com a
música sertaneja mais tradicional.
É um universo completamente diferente. Só têm uma postura rural,
que nem rural é", diz Freire.
"O título é mal empregado. A
música dessas duplas é romântica
e já está bem urbanizada", afirma
Corrêa.
Para Corrêa, o símbolo da viola é
Zé do Côco do Riachão, considerado por ele um gênio, músico e instrumentista excepcional (toca rabeca, viola e cavaquinho), grande
compositor e um dos melhores fazedores de instrumento. "Ele é
um produto do meio absolutamente puro", afirma.
Zé do Côco, que aprendeu a tocar "fazendo imitação com os violeiros", elogia Chitãozinho e Xororó. Mas ressalva: "Meu tipo de
música é outro".
Mas, aos 85 anos, não se apoquenta com a "evolução" do gênero. "Se me derem uma guitarra,
eu toco. Não deixo sem saída",
afirma.
Show: Violeiros do Brasil
Artistas: Renato Andrade, Pena Branca e
Xavantinho, Paulo Freire (terça, dia 26);
Passoca, Adelmo Arcoverde, Pereira da
Viola (quarta, dia 27); Roberto Corrêa, Zé
Mulato e Cassiano, Braz da Viola e
Orquestra de Viola Caipira (terça, dia
02/09); Almir Sater, Tavinho Moura, Zé
Côco do Riachão (quarta, dia 03/09)
Quando: terças (dias 26/08 e 02/09) e
quartas (dias 27/08 e 03/09), às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93,
Pompéia, tel. 011/871-7751 ou 871-7752)
Quanto: R$ 15, R$ 10 (usuário inscrito) e
R$ 7,50 (estudantes e comerciários)
Exposição: Violeiros do Brasil
Quando: de 26/08 a 07/09 (exceto
segunda, 01/09)
Quanto: entrada franca
Oficina: Violeiros do Brasil
Quando: de 27/08 a 05/09 (exceto
segunda, 01/09)
Quanto: grátis
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|