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CRÍTICA
Nacional da Hungria frustra
MARCELO MUSA CAVALLARI
da Redação
O que prometia ser uma
oportunidade rara na cena musical de São Paulo terminou
sendo uma grande frustração.
O concerto da Orquestra Filarmônica Nacional da Hungria
trocou, anteontem, a Sinfonia
nº 1 de Brahms, anunciada como segunda parte do concerto,
pela 8ª Sinfonia de Dvorak.
Não é toda hora que se pode
ouvir a Primeira Sinfonia de
Brahms, uma das peças mais
instigantes da música.
O concerto -da série Concertos Internacionais Hebraica
Banco de Boston- teria tido o
seu final glorioso, depois das
Danças de Galanta, de Zoltan
Kodály, e do Concerto nº 2 para Piano e Orquestra de Franz
Liszt, em que Arnaldo Cohen
se juntou à orquestra.
Com a troca, a tensão e a
complexidade musical foram
claramente dissipadas e a segunda parte ficou entediante.
Tocar Kodály e Dvorak na
mesma noite deu um ar de Feira das Nações ao concerto.
Dvorak sobrevive como glória
da música tcheca. Suas peças
soam agradáveis, e é tudo.
Kodály, que usou material
folclórico húngaro para compor, é uma espécie de primo
pobre de Bella Bartok.
Sobrou o concerto de Liszt
como ponto alto da noite. Cohen está em casa no repertório
romântico.
O pianista brasileiro busca na
música a expressividade, a
emoção. O resultado é um Liszt
sem surpresas. A impulsividade que Cohen quer em seu Liszt
sacrifica um pouco a clareza de
articulação em passagens rápidas e fortes. Tudo vira timbre.
Os diálogos entre o piano e os
violoncelos foram, no entanto,
o que de melhor se ouviu no
concerto. A orquestra húngara
tem uma bela seção de cordas,
principalmente os violoncelos
e contrabaixos.
Se fosse uma orquestra de
cordas seria um bom conjunto.
Como sinfônica, deixa a desejar, por culpa, principalmente,
da sofrível seção de madeiras.
Desarticulada nos ataques,
frequentemente inexpressiva,
com problemas de afinação,
imagina-se como teria se saído
na Primeira de Brahms, com
seu estilo beethoveniano de orquestrar opondo cordas e madeiras.
Kodály soou agradável. Os
músicos húngaros pareciam
felizes tocando-o e evocando
sua terra. Foi também Kodály
que revelou a melhor faceta da
orquestra: a precisão rítmica.
O concerto foi todo acompanhado pelo barulho do ar condicionado da sala da Hebraica.
Se o clube quer ter noites quentes de música tem que dar um
jeito naquela geringonça.
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