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MULTIMÍDIA
The NYT de Nova York
Caetano compara versões de "Orfeu'
ESTADOS UNIDOS - Em texto publicado na edição de domingo do
"The New York Times", o músico
Caetano Veloso defende o filme
"Orfeu", de Cacá Diegues. A produção, que tem trilha de Caetano,
estréia na sexta em Nova York.
O compositor compara as duas
versões cinematográficas de "Orfeu" -a primeira, "Orfeu Negro"
(59), do francês Marcel Camus, e a
de Diegues- feitas a partir da peça "Orfeu da Conceição" (56), de
Vinicius de Moraes.
Caetano contrapõe aspectos
pioneiros da peça (um elenco negro, levando o mito de Orfeu para
as favelas e usando o samba como
expressão de identidade nacional) à visão de Camus. "Os brasileiros se viram retratados como
"exóticos'" e não aceitaram bem o
filme francês, que venceu Palma
de Ouro em Cannes e o Oscar de
melhor filme estrangeiro.
"Orfeu Negro", para Caetano,
"não difere muito dos chapéus de
Carmen Miranda". "É dessa perspectiva que se pode compreender
porque foi rejeitado no Brasil e
porque ressalto a importância de
audiências estrangeiras se abrirem ao realismo do novo filme."
Caetano rebate ainda artigo do
brasilianista Kenneth Maxwell sobre o "Orfeu" de Diegues publicado pela Folha. Nele, o historiador,
que havia visto o filme de Camus
nos anos 60, discordava de escolhas da adaptação feita por Diegues. Caetano credita a "ignorância sobre o cotidiano brasileiro"
mostrada por Maxwell como fruto da admiração do historiador
pelo filme francês.
"Críticos como o sr. Maxwell
usaram a questão racial para explicar a reação negativa a "Orfeu
Negro". No entanto, nos anos 50, a
classe média multirracial à qual
pertenço tinha mais vergonha do
nosso cinema do que dos negros."
"Havia outras inconsistências",
como sotaques errados e escolas
de samba fora de ritmo, que justificam a crítica a Camus, diz. "Notamos que a intenção era somente
impressionar os que nada sabiam
sobre a cidade e seu povo."
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