São Paulo, segunda-feira, 22 de agosto de 2005

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Jornada literária de Passo Fundo acolhe leitores

DA REPORTAGEM LOCAL

Involuntariamente, o livro de J. Borges pode ter se tornado símbolo da 11ª Jornada Nacional de Literatura, que começa hoje, em Passo Fundo (RS), e vai até a próxima sexta. A mistura de culturas que o cordelista criou pode ser considerada tradução didática para a temática da Jornada deste ano: "A Diversidade Cultural: o Diálogo das Diferenças".
Maior encontro literário do país, realizado a cada dois anos desde 1981, a Jornada receberá nesta edição 110 escritores e tem um público inscrito de 4,5 mil pessoas, sobretudo professores, além de 12 mil estudantes de Ensino Fundamental e Médio que participarão da 3ª Jornadinha de Literatura. Entre os autores convidados, nomes de destaque internacional, como o norueguês Jostein Gaarder e o sociólogo francês Gilles Lipovetsky, e nacional, como Ariano Suassuna e Ferreira Gullar, colunista da Folha.
A presença de estrelas da literatura, contudo, não é o foco principal do evento. Aliás, "evento não é a melhor palavra para definir a Jornada", segundo sua organizadora e idealizadora, Tânia Rösing, professora da Universidade de Passo Fundo (UPF). Tampouco "feira", "salão" ou "bienal".
"A Jornada é apenas o ápice de um trabalho que se faz o ano inteiro nas escolas da cidade e da região, e que constitui um processo de criação efetiva de leitores, sobretudo os que priorizem o texto literário", explica Rösing. De fato, a organização mantém, principalmente nos meses que antecedem ao encontro, diversos mecanismos de estímulo à leitura e ao debate do tema escolhido.
Organizam-se caravanas de visita às escolas para apresentar o tema e os autores convidados e disponibilizar suas obras e materiais de referência, como apostilas que sugerem formas de utilizar os textos em aula. Além disso, a própria UPF tem um amplo espaço de leitura aberto ao público geral, com a orientação de professores.
"Assim, quando os autores chegam à cidade, o público já tem um conhecimento de sua obra, e isso permite uma aproximação maior entre eles", diz Rösing. Se a idéia é estimular a leitura, há ao menos um indício de que funciona: segundo a Câmara Brasileira do Livro, a pequena Passo Fundo é a cidade com maior número de bibliotecas por habitante do país.
Agora, a pacata cidade, de cerca de 175 mil habitantes, há de abarrotar-se com os visitantes que assistirão a atividades diversas. Entre outras, cinco debates centrais abordarão temas como a cultura popular e a indústria cultural, e duas grandes conferências, com Gaarder e Suassuna, também são destaque. Será encenada em espaço aberto a peça "Fantoches", homenagem a Érico Veríssimo. Ocorre também o 4º Seminário Internacional de Pesquisa em Leitura e o 1º Seminário Nacional de Jornalismo Cultural. A programação completa pode ser vista em www.jornadadeliteratura.upf.br. (JULIÁN FUKS)


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