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Jornada literária de Passo Fundo acolhe leitores
DA REPORTAGEM LOCAL
Involuntariamente, o livro de J.
Borges pode ter se tornado símbolo da 11ª Jornada Nacional de
Literatura, que começa hoje, em
Passo Fundo (RS), e vai até a próxima sexta. A mistura de culturas
que o cordelista criou pode ser
considerada tradução didática
para a temática da Jornada deste
ano: "A Diversidade Cultural: o
Diálogo das Diferenças".
Maior encontro literário do
país, realizado a cada dois anos
desde 1981, a Jornada receberá
nesta edição 110 escritores e tem
um público inscrito de 4,5 mil
pessoas, sobretudo professores,
além de 12 mil estudantes de Ensino Fundamental e Médio que
participarão da 3ª Jornadinha de
Literatura. Entre os autores convidados, nomes de destaque internacional, como o norueguês
Jostein Gaarder e o sociólogo
francês Gilles Lipovetsky, e nacional, como Ariano Suassuna e Ferreira Gullar, colunista da Folha.
A presença de estrelas da literatura, contudo, não é o foco principal do evento. Aliás, "evento não é
a melhor palavra para definir a
Jornada", segundo sua organizadora e idealizadora, Tânia Rösing,
professora da Universidade de
Passo Fundo (UPF). Tampouco
"feira", "salão" ou "bienal".
"A Jornada é apenas o ápice de
um trabalho que se faz o ano inteiro nas escolas da cidade e da região, e que constitui um processo
de criação efetiva de leitores, sobretudo os que priorizem o texto
literário", explica Rösing. De fato,
a organização mantém, principalmente nos meses que antecedem
ao encontro, diversos mecanismos de estímulo à leitura e ao debate do tema escolhido.
Organizam-se caravanas de visita às escolas para apresentar o
tema e os autores convidados e
disponibilizar suas obras e materiais de referência, como apostilas
que sugerem formas de utilizar os
textos em aula. Além disso, a própria UPF tem um amplo espaço
de leitura aberto ao público geral,
com a orientação de professores.
"Assim, quando os autores chegam à cidade, o público já tem um
conhecimento de sua obra, e isso
permite uma aproximação maior
entre eles", diz Rösing. Se a idéia é
estimular a leitura, há ao menos
um indício de que funciona: segundo a Câmara Brasileira do Livro, a pequena Passo Fundo é a cidade com maior número de bibliotecas por habitante do país.
Agora, a pacata cidade, de cerca
de 175 mil habitantes, há de abarrotar-se com os visitantes que assistirão a atividades diversas. Entre outras, cinco debates centrais
abordarão temas como a cultura
popular e a indústria cultural, e
duas grandes conferências, com
Gaarder e Suassuna, também são
destaque. Será encenada em espaço aberto a peça "Fantoches", homenagem a Érico Veríssimo.
Ocorre também o 4º Seminário
Internacional de Pesquisa em Leitura e o 1º Seminário Nacional de
Jornalismo Cultural. A programação completa pode ser vista
em www.jornadadeliteratura.upf.br.
(JULIÁN FUKS)
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