São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2008

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Baden Powell está no 4º volume da Coleção Folha

Virtuose do violão que brilhou na cena internacional é tema do livro-CD que chega às bancas neste domingo

A partir dos anos 60, Baden Powell alternou longos períodos na França e na Alemanha, com raros retornos ao Brasil


DA REPORTAGEM LOCAL

Dos anos 60 aos 90, quando viveu no exterior, Baden Powell (1937-2000) brilhou como astro internacional do violão sem que o grande público brasileiro soubesse disso. O músico e compositor é protagonista do quarto volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que chega às bancas neste domingo, dia 24.
Reservado e avesso à autopromoção, Powell construiu uma carreira de sucesso na Europa, com repercussões no Japão e nos Estados Unidos. Por mais de três décadas, o músico que hoje é considerado um dos maiores violonistas do mundo quase desapareceu dos palcos brasileiros.
Baden Powell de Aquino nasceu no pequeno município de Varre-Sai, no Estado do Rio. Seu nome incomum foi uma homenagem do pai sapateiro e músico amador que chefiava os escoteiros locais ao general britânico Robert Baden-Powell, fundador do escotismo.
Criado no bairro carioca de São Cristóvão, Baden começou a tocar aos oito anos. Seu mestre foi Meira, que o introduziu tanto no violão popular como no clássico. Aos 11 anos ingressou na Escola Nacional de Música, já com a experiência acumulada em programas de rádio, bailes e rodas de choro.

Veia de compositor
Baden se profissionalizou cedo. Munido de uma autorização do juizado de menores, aos 15 anos começou a tocar em gafieiras e cabarés, bares de hotéis e boates da zona sul, até mesmo em bordéis do Mangue, a folclórica zona de prostituição carioca. Um ano depois, já estava tocando ao lado da cantora Alaíde Costa, amiga de adolescência, no prestigioso Clube da Chave.
Ao se tornar guitarrista do trio do pianista Ed Lincoln, atração regular do bar do Hotel Plaza, Baden começou a ser notado por um círculo musical mais sofisticado. Na platéia que freqüentava o local, era comum ver músicos como João Gilberto, Tom Jobim e João Donato, ou cantores como Lucio Alves, Dolores Duran e Sylvinha Tel-les, entre outros.
Mas foi a partir de 1960, quando conheceu o diplomata e poeta Vinicius de Moraes, que o jovem virtuose do violão viu sua carreira tomar um novo rumo, revelando sua veia de compositor. Desse encontro surgiram parcerias inspiradas: os sambas "Formosa" e "Deixa"; clássicos da bossa, como "Consolação" e "O Astronauta"; ou afro-sambas, como "Berimbau" e "Canto de Ossanha".

Carreira internacional
A mudança do parceiro para Paris, que assumiu um posto na Embaixada brasileira, em 1963, estimulou Baden a deixar o Brasil. Nas décadas seguintes, alternou longos períodos na França e na Alemanha, com raros retornos. Nessas ocasiões, também desenvolveu uma produtiva parceria com o letrista Paulo César Pinheiro.
No exterior, Baden praticamente deixou o trabalho de composição de lado. Tocou nas salas de concertos e festivais mais conceituados da Europa, dos EUA e do Japão. E gravou dezenas de discos, muitos em sessões improvisadas, que jamais chegaram aos brasileiros.
O CD que acompanha este volume da coleção focaliza o trabalho de Baden Powell como instrumentista. Além de trazer releituras de clássicos da música brasileira, como o choro "Lamentos" (Pixinguinha e Vinicius de Moraes), a valsa "Das Rosas" (Dorival Caymmi) e a bossa "Garota de Ipanema" (Jobim e Vinicius), a seleção destaca quatro parcerias do violonista com Vinicius de Moraes: "Apelo", "Deixa", "Tempo Feliz" e "Canto de Ossanha".


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