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Baden Powell está no 4º volume da Coleção Folha
Virtuose do violão que brilhou na cena internacional é tema do livro-CD que chega às bancas neste domingo
A partir dos anos 60,
Baden Powell alternou longos períodos na
França
e na Alemanha, com
raros retornos ao Brasil
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos anos 60 aos 90, quando
viveu no exterior, Baden Powell (1937-2000) brilhou como
astro internacional do violão
sem que o grande público brasileiro soubesse disso. O músico
e compositor é protagonista do
quarto volume da Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova, que
chega às bancas neste domingo, dia 24.
Reservado e avesso à autopromoção, Powell construiu
uma carreira de sucesso na Europa, com repercussões no Japão e nos Estados Unidos. Por
mais de três décadas, o músico
que hoje é considerado um dos
maiores violonistas do mundo
quase desapareceu dos palcos
brasileiros.
Baden Powell de Aquino nasceu no pequeno município de
Varre-Sai, no Estado do Rio.
Seu nome incomum foi uma
homenagem do pai sapateiro e
músico amador que chefiava os
escoteiros locais ao general britânico Robert Baden-Powell,
fundador do escotismo.
Criado no bairro carioca de
São Cristóvão, Baden começou
a tocar aos oito anos. Seu mestre foi Meira, que o introduziu
tanto no violão popular como
no clássico. Aos 11 anos ingressou na Escola Nacional de Música, já com a experiência acumulada em programas de rádio,
bailes e rodas de choro.
Veia de compositor
Baden se profissionalizou cedo. Munido de uma autorização
do juizado de menores, aos 15
anos começou a tocar em gafieiras e cabarés, bares de hotéis e boates da zona sul, até
mesmo em bordéis do Mangue,
a folclórica zona de prostituição carioca. Um ano depois, já
estava tocando ao lado da cantora Alaíde Costa, amiga de
adolescência, no prestigioso
Clube da Chave.
Ao se tornar guitarrista do
trio do pianista Ed Lincoln,
atração regular do bar do Hotel
Plaza, Baden começou a ser notado por um círculo musical
mais sofisticado. Na platéia que
freqüentava o local, era comum
ver músicos como João Gilberto, Tom Jobim e João Donato,
ou cantores como Lucio Alves,
Dolores Duran e Sylvinha Tel-les, entre outros.
Mas foi a partir de 1960,
quando conheceu o diplomata
e poeta Vinicius de Moraes, que
o jovem virtuose do violão viu
sua carreira tomar um novo rumo, revelando sua veia de compositor. Desse encontro surgiram parcerias inspiradas: os
sambas "Formosa" e "Deixa";
clássicos da bossa, como "Consolação" e "O Astronauta"; ou
afro-sambas, como "Berimbau"
e "Canto de Ossanha".
Carreira internacional
A mudança do parceiro para
Paris, que assumiu um posto na
Embaixada brasileira, em 1963,
estimulou Baden a deixar o
Brasil. Nas décadas seguintes,
alternou longos períodos na
França e na Alemanha, com raros retornos. Nessas ocasiões,
também desenvolveu uma produtiva parceria com o letrista
Paulo César Pinheiro.
No exterior, Baden praticamente deixou o trabalho de
composição de lado. Tocou nas
salas de concertos e festivais
mais conceituados da Europa,
dos EUA e do Japão. E gravou
dezenas de discos, muitos em
sessões improvisadas, que jamais chegaram aos brasileiros.
O CD que acompanha este
volume da coleção focaliza o
trabalho de Baden Powell como
instrumentista. Além de trazer
releituras de clássicos da música brasileira, como o choro "Lamentos" (Pixinguinha e Vinicius de Moraes), a valsa "Das
Rosas" (Dorival Caymmi) e a
bossa "Garota de Ipanema"
(Jobim e Vinicius), a seleção
destaca quatro parcerias do
violonista com Vinicius de Moraes: "Apelo", "Deixa", "Tempo
Feliz" e "Canto de Ossanha".
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