São Paulo, sexta, 22 de agosto de 1997.



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Repercussão

Yacoff Sarkovas, consultor de marketing cultural - "É uma das gestões mais bem intencionadas e mais ativas da curta história do Ministério da Cultura. Esse é o aspecto positivo. O negativo é que o ministério está longe de ter definido uma política de financiamento da cultura. A impressão é que ele não sabe como fazê-lo. Acho que há uma falta de competência técnica e política para formular e articular uma política de financiamento. Essa incapacidade tem levado o MinC a iludir o meio cultural em particular e a comunidade de maneira geral de que boa parte dos problemas será resolvido por leis de incentivo, o que não é verdade. O ministério tem posto dinheiro público da mão das empresas para elas fingirem que estão investindo."

Luiz Carlos Barreto, produtor de cinema - "O maior mérito é ter trabalhado para reconstruir a capacidade de produção dos produtores culturais. O país voltou a mover-se. Saímos do zero para 40, 60 filmes. As modificações demonstram que o governo FHC tem intenção política de desenvolver a indústria e a animação cultural. Acho altamente elogiável dar os 100% de desconto também na Lei Rouanet, mas a discriminação de beneficiar só algumas áreas não é muito boa, deixa o cinema inviável na Rouanet. Acho que, democraticamente, os outros setores vão se movimentar para também conseguir os 100%."

Teixeira Coelho, professor-titular de política cultural da USP - "O que está dentro da lógica do momento, da lógica desse governo, o ministério está fazendo. Mas isso não é a única coisa a ser feita. Há uma tarefa que é a organização da sociedade para a cultura. Isso se faz com leis de incentivo sim, mas também com uma presença mais marcante do Estado e, para tal, é preciso aumentar o orçamento."

Ricardo Ribenboim, diretor-superintendente do Instituto Cultural Itaú - "Acho que estamos num momento de experimentação de entrada do dinheiro no meio cultural. O crescimento que ocorreu nos últimos anos é extremamente significativo. Três anos é muito pouco para negar ou aprovar 100% de uma ação que envolve questões de hábito, uma ação de longo prazo. Acho que seria interessante aumentar os percentuais de investimento, que ainda são pequenos."

Marcos Mendonça, secretário de Estado da Cultura de SP - "Houve um crescimento da ação do MinC em todo o país, um empenho na obtenção de recursos aqui e no exterior. Nós saímos de um patamar muito baixo. Mesmo assim, o volume de recursos para a cultura ainda é pequeno. Acho que essa é a maior dificuldade do ministro. A possibilidade de trazer dinheiro do mercado aliviou a pressão no ministério."

Rodolfo Konder, secretário municipal da Cultura de SP - "Desde o início estabelecemos um diálogo muito cordial com o ministro. Ele também tem como prioridades a ética da liberdade, a diversidade e o multiculturalismo. Acho que a aproximação do capital privado é o único caminho. Na secretaria, nós estamos ampliando as parcerias."



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