São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2000

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1 mês. 2 cidades, 650 filmes

Divulgação
"Cowboys do Espaço"
Clint Eastwood dirige e protagoniza este filme sobre um grupo de veteranos astronautas que volta ao espaço para consertar satélite



Festival do Rio (de 5 a 18/10) e Mostra de SP (de 19/10 a 2/11) geram 29 dias de maratona do cinema


DA REPORTAGEM LOCAL

O novo Ang Lee, os velhos John Waters, o documentário dos Sex Pistols, os vencedores de Cannes (Lars von Trier) e Veneza 2000 (Jafar Panahi), Sofia Coppola e "Alta Fidelidade". Afogando em números, SP e Rio, somados, vão receber 650 filmes em 29 dias, entre longas e curtas, inéditos (a maioria) ou em retrospectiva.
Se a ação fosse possível, acompanhar todo o Festival do Rio BR 2000 e a Mostra Internacional de Cinema de SP seria o mesmo que ver 23 filmes por dia.
A realização dos mais volumosos eventos cinematográficos do país parece ter suas agendas amigavelmente combinadas. O do Rio começa dia 5 e vai até 18. No dia seguinte, SP dá a largada à sua mostra.
Deve haver ciumeira das organizações díspares ou dar confusão na hora de correr por badalados festivais mundiais atrás de filmes para as mostras brasileiras.
"Não, pelo contrário. Nos últimos anos tem havido cada vez mais colaboração entre os dois eventos, e a proximidade das datas só beneficia essa colaboração. Para ficar em dois exemplos, possibilita a economia de fretes e de convites a diretores e atores, que eventualmente poderiam comparecer ao Rio e a São Paulo", afirma Marcelo Mendes, diretor de programação do Festival do Rio BR 2000, o filhote da antiga Mostra Rio e do Rio Cine.
O festival carioca, o primeiro a acontecer e por isso o mais próximo de uma programação finalizada, aposta este ano no cinema oriental, assim como a mostra paulistana.
Até o ano passado não foi assim. O Festival do Rio era uma espécie de Sundance brasileiro, dado seu pé forte no cinema independente americano. No paralelo, a Mostra de SP é Berlim.
"Outra aposta do Festival do Rio são os filmes realizados em digital, que podem brilhar este ano justamente porque, pelo barateamento de custos, puderam arriscar mais", acredita Mendes.
Esse investimento do evento carioca nos longas digitais transformados em película está na mostra Digital, cuja grande atração é "Dancer in the Dark", do diretor dinamarquês Lars von Trier, um dos pais do Dogma 95, movimento que, entre outras regras, determina o uso de câmeras digitais.
"Dancer in the Dark" ganhou Palma de Ouro em Cannes, tem a cantora Björk como atriz principal e também faz parte da programação da Mostra de SP.
Além da Digital, o Festival do Rio BR 2000 é desmembrado em mais dez mostras específicas.
Entre elas, há a mostra Première América, que apresentará blockbusters hollywoodianos inéditos no Brasil, como "Shaft" (de John Singleton) e "Cowboys do Espaço" (dirigido e protagonizado por Clint Eastwood).
Na seção Panorama do Cinema Mundial, por exemplo, misturam-se as sessões de "As Virgens Suicidas", polêmica estréia na direção de Sofia Coppola, filha de Francis Ford, "A Viúva de Saint-Pierre", de Patrice Leconte, e "Alta Fidelidade", tão aguardada exibição no Brasil do filme rock'n'roll baseado em obra do britânico Nick Hornby.
O Oriente, o "filé" do festival carioca, está representado pelo japonês "Eureka", de Shinji Aoyama, o prêmio da crítica de Cannes 2000, por "Tabou", de Nagisa Oshima, e por "Tigre e Dragão", de Ang Lee, reverenciado pelos franceses.
Ao Rio, deve comparecer em carne e osso o debochado diretor trash John Waters, que ganhará homenagem em forma de retrospectiva de seus melhores (piores?) filmes, como "Hairspray".

São Paulo
Já a Mostra de SP tem menos divisões. O organizador do festival, Leon Cakoff, vai colocar suas cerca de 200 atrações em apenas dois módulos: Perspectiva Internacional e Competição - Novos Diretores.
O festival paulistano será inaugurado com a exibição de "Palavra e Utopia", novo filme do diretor português Manoel de Oliveira, que estará presente à sessão.
Diferentemente do Festival do Rio BR 2000, que dá seus prêmios apenas por meio de voto popular, a Mostra de Cinema de São Paulo conta com cinco jurados para julgar o módulo Competição.
Entre os nomes que virão estão os de Alberto Barbera (diretor do Festival de Veneza) e Radu Mihaileanu (de "Trem da Vida", a cultuada versão leve do Holocausto).
A São Paulo também chega, para duas sessões, o histórico documentário que o diretor Julien Temple fez sobre os Sex Pistols: "O Lixo e a Fúria". (LÚCIO RIBEIRO)


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