|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Exposição do pintor abre hoje em Salvador; Curitiba, São Paulo e Rio são as próximas paradas da obra
Antologia de Antonio Dias rodará o Brasil
CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO
O apartamento no último andar
de um prédio antigo em Copacabana (zona sul do Rio) foi praticamente "desmontado". É de lá que
o pintor Antonio Dias, 56, retirou
grande parte dos trabalhos que, a
partir de hoje, serão mostrados
no Museu de Arte Moderna de
Salvador na exposição "Antonio
Dias - O País Inventado".
A mostra, que começa em Salvador e passa por Curitiba, São
Paulo e Rio de Janeiro, é a primeira de grande porte dedicada à
obra do artista a ser realizada no
Brasil.
Dias foge do termo "retrospectiva". "Ainda é cedo para isso", afirma. Prefere "antologia", algo que,
no seu entender, dá a perspectiva
de um trabalho continuado, ainda
em elaboração.
O conceito de trabalho em elaboração se estende à exposição.
Nas duas primeiras paradas -no
MAM de Salvador e na Casa Andrade Muricy, em Curitiba- ,
"Antonio Dias - O País Inventado" exibirá 28 obras do artista.
Em São Paulo, onde a exposição
será aberta no dia 8 de fevereiro
no Museu de Arte Moderna, já serão 40 obras. No Rio, a partir de 17
de maio no MAM, "Antonio Dias
- O País Inventado" chega com 65
obras, incluindo trabalhos inéditos da série "Autonomia", que
vem sendo executada pelo artista.
As modificações na exposição
acontecem principalmente por
causa da diferença de área dos
museus escolhidos para acolher a
exposição, mas há mais um motivo: entre a idéia de montar a antologia e a decisão da Petrobras de
patrocinar o projeto, houve pouco tempo.
"Decidimos dar logo o "start"
para a exposição e vamos ampliando aos poucos. É uma espécie de "work in progress'", brinca
Dias sobre o "crescimento" da exposição.
O pintor avalia a exposição como a "primeira mostra mais consequente" de seu trabalho no Brasil. Ele cuidou pessoalmente de
toda a seleção de obras da fase de
Salvador, buscando trabalhos em
seu próprio acervo.
Desembrulhou obras guardadas há mais de 20 anos e reviu sua
trajetória, iniciada nos anos 60,
quando participou da exposição
"Opinião 65", no MAM do Rio
-mostra que lançou nomes como Rubens Gerchman, Wesley
Duke Lee, Nelson Leirner e Carlos
Vergara, entre outros.
"É quase um retrato público, é
como eu me mostro por meio da
concatenação de vários trabalhos
feitos durante 30 anos", explica.
Isso inclui trabalhos em pintura,
objetos, instalações, projeções, filmes feitos em super 8 e hoje adaptados para projetor digital.
"Precisei adaptar os filmes em
super 8 para uma linguagem mais
recente. O super 8 usava uma maquininha muito complicada, que
comia os filmes, transformava tudo em pó. Digitalizamos tudo. O
filme passa com os mesmos arranhões, as mesmas tremidinhas,
mas agora com registro digital",
diz o artista, referindo-se aos vídeos experimentais "Conversation Piece" (1973) e "Uma Mosca
no Meu Filme" (1976).
Dias tem um trabalho reconhecido no mercado internacional
-dois trabalhos seus fazem parte
do acervo do MoMA, de Nova
York, por exemplo. No Brasil,
obras suas estão sempre presentes
em mostras ligadas à arte contemporânea, mas não em exposições
exclusivas.
"Já houve uma tentativa de fazer
uma grande exposição aqui, mas
foi tão desorganizada que ela acabou durando apenas 12 dias, no final de 94. Isso me chateou bastante. Tanto que agora, quando me
apresentaram este projeto, propus um acordo: quando acabarem de fechar toda a papelada, decidir datas, toda a parte de organização, eu entro para discutir no
que posso ajudar. Depois do que
passei, fiquei gato escaldado", diz
o pintor, referindo-se a uma exposição realizada no Paço das Artes, em São Paulo.
Exposição: Antonio Dias - O País
Inventado
Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia
(avenida do Contorno, s/nš, Solar do
Unhão, tel: 0/xx/71/329-0660)
Quando: de 22 de setembro a 22 de
outubro. De terça a sexta, das 13h às 21h;
aos sábados, das 15h às 21h; domingos,
das 14h às 19h
Quanto: entrada gratuita
Texto Anterior: Espaço terá um cinema e duas salas de teatro Próximo Texto: Protestos e o uso da cor vermelha são marcas do artista Índice
|