São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2000

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ARTES PLÁSTICAS
Exposição do pintor abre hoje em Salvador; Curitiba, São Paulo e Rio são as próximas paradas da obra
Antologia de Antonio Dias rodará o Brasil

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O apartamento no último andar de um prédio antigo em Copacabana (zona sul do Rio) foi praticamente "desmontado". É de lá que o pintor Antonio Dias, 56, retirou grande parte dos trabalhos que, a partir de hoje, serão mostrados no Museu de Arte Moderna de Salvador na exposição "Antonio Dias - O País Inventado".
A mostra, que começa em Salvador e passa por Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, é a primeira de grande porte dedicada à obra do artista a ser realizada no Brasil.
Dias foge do termo "retrospectiva". "Ainda é cedo para isso", afirma. Prefere "antologia", algo que, no seu entender, dá a perspectiva de um trabalho continuado, ainda em elaboração.
O conceito de trabalho em elaboração se estende à exposição. Nas duas primeiras paradas -no MAM de Salvador e na Casa Andrade Muricy, em Curitiba- , "Antonio Dias - O País Inventado" exibirá 28 obras do artista.
Em São Paulo, onde a exposição será aberta no dia 8 de fevereiro no Museu de Arte Moderna, já serão 40 obras. No Rio, a partir de 17 de maio no MAM, "Antonio Dias - O País Inventado" chega com 65 obras, incluindo trabalhos inéditos da série "Autonomia", que vem sendo executada pelo artista.
As modificações na exposição acontecem principalmente por causa da diferença de área dos museus escolhidos para acolher a exposição, mas há mais um motivo: entre a idéia de montar a antologia e a decisão da Petrobras de patrocinar o projeto, houve pouco tempo.
"Decidimos dar logo o "start" para a exposição e vamos ampliando aos poucos. É uma espécie de "work in progress'", brinca Dias sobre o "crescimento" da exposição.
O pintor avalia a exposição como a "primeira mostra mais consequente" de seu trabalho no Brasil. Ele cuidou pessoalmente de toda a seleção de obras da fase de Salvador, buscando trabalhos em seu próprio acervo.
Desembrulhou obras guardadas há mais de 20 anos e reviu sua trajetória, iniciada nos anos 60, quando participou da exposição "Opinião 65", no MAM do Rio -mostra que lançou nomes como Rubens Gerchman, Wesley Duke Lee, Nelson Leirner e Carlos Vergara, entre outros.
"É quase um retrato público, é como eu me mostro por meio da concatenação de vários trabalhos feitos durante 30 anos", explica. Isso inclui trabalhos em pintura, objetos, instalações, projeções, filmes feitos em super 8 e hoje adaptados para projetor digital.
"Precisei adaptar os filmes em super 8 para uma linguagem mais recente. O super 8 usava uma maquininha muito complicada, que comia os filmes, transformava tudo em pó. Digitalizamos tudo. O filme passa com os mesmos arranhões, as mesmas tremidinhas, mas agora com registro digital", diz o artista, referindo-se aos vídeos experimentais "Conversation Piece" (1973) e "Uma Mosca no Meu Filme" (1976).
Dias tem um trabalho reconhecido no mercado internacional -dois trabalhos seus fazem parte do acervo do MoMA, de Nova York, por exemplo. No Brasil, obras suas estão sempre presentes em mostras ligadas à arte contemporânea, mas não em exposições exclusivas.
"Já houve uma tentativa de fazer uma grande exposição aqui, mas foi tão desorganizada que ela acabou durando apenas 12 dias, no final de 94. Isso me chateou bastante. Tanto que agora, quando me apresentaram este projeto, propus um acordo: quando acabarem de fechar toda a papelada, decidir datas, toda a parte de organização, eu entro para discutir no que posso ajudar. Depois do que passei, fiquei gato escaldado", diz o pintor, referindo-se a uma exposição realizada no Paço das Artes, em São Paulo.


Exposição: Antonio Dias - O País Inventado Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia (avenida do Contorno, s/nš, Solar do Unhão, tel: 0/xx/71/329-0660) Quando: de 22 de setembro a 22 de outubro. De terça a sexta, das 13h às 21h; aos sábados, das 15h às 21h; domingos, das 14h às 19h
Quanto: entrada gratuita


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