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TEATRO
Peça de Lilian Hellman tem Beatriz Segall no elenco
Clássica, "As Pequenas Raposas" se mantém atual com tema capitalista
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
"As Pequenas Raposas" (1939),
de Lillian Hellman, é um clássico
teatral que Beatriz Segall sempre
sonhou encenar, mas o alto custo
de uma montagem o inviabilizava. Agora, a convite do produtor
Hermes Frederico, ela realiza o
desejo de interpretar a terrível Regina num momento que considera muito apropriado.
"A peça é uma crítica ao capitalismo selvagem, predatório, de
pessoas gananciosas. É extremamente moderna, porque mostra o
que se vive hoje. Ainda mais para
nós que estamos em época de eleições, quando tudo se promete e o
único objetivo real é o do candidato de ficar rico", diz a atriz.
Dirigida por Naum Alves de
Souza, a montagem que estréia
hoje no CCBB do Rio é o primeiro
trabalho de Segall ao lado de outro grande nome do teatro, Sérgio
Britto. Os dois interpretam Regina e Lawrence Giddens, casal que
vive uma situação-limite. Ele, rico
e doente, não quer que a mulher
trave com os irmãos uma guerra
por mais dinheiro. Ela, ambiciosa,
despreza o marido, com quem se
casou por interesse.
"Ele diz que os dois já têm dinheiro suficiente, mas ela quer
sempre mais. Embora a peça fale
de uma época precisa, a mentalidade é a mesma de hoje, dos Bush
e de muitos outros", diz Britto.
A época precisa é o início do século 20, quando o capitalismo
americano se consolida e desponta uma burguesia ávida por dinheiro e prestígio. A família-chave são os Hubbard, que enriqueceram no sul dos EUA à custa de
exploração dos negros (mesmo
após o fim da escravidão), negociatas e casamentos armados.
Um desses casamentos une Oscar Hubbard (Ednei Giovenazzi)
e Birdie (Joana Fomm). A união
foi articulada por Ben Hubbard
(Rogério Fróes) para que sua família ficasse com as terras que
eram do pai de Birdie. Ela se torna
refém dos Hubbard, que ainda invejam seus valores aristocráticos.
"Ela é massacrada pelos outros.
Está sozinha no mundo. É uma
pluma de tão frágil. Para mim,
que sempre faço a brava, a decidida, é uma personagem sensacional", empolga-se Joana Fomm.
Para Naum Alves de Souza, não
há como o público não identificar
os Hubbard de hoje. "Eles são novos-ricos. A ambição deles é como a de hoje, essa busca por acumular e acumular dinheiro sem
nem ter como usar tudo em vida."
Para Beatriz Segall, a peça é um
reencontro com Lillian Hellman.
Em 1986, a atriz viveu a autora no
monólogo "Lillian", de William
Luce. "Estudei muito a vida e a
obra dela. Era uma mulher que
expunha suas idéias com muita
coragem", exalta ela, que também
traduziu (com Marco Antônio
Guerra) "As Pequenas Raposas".
Lillian Hellman escreveu várias
peças e roteiros de filmes, tendo
adaptado para o cinema "As Pequenas Raposas" -que aqui se
chamou "Pérfida", com Bette Davis como Regina. Ao lado do marido, o escritor Dashiel Hammet,
Hellman foi um dos alvos mais
notórios do macartismo.
AS PEQUENAS RAPOSAS. Onde: CCBB-RJ (r. Primeiro de Março, 66, RJ, tel. 0/xx/
21/3808-2020). Quando: de qua. a dom.,
às 19h; até 12/12). Quanto: R$ 10.
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