São Paulo, quarta-feira, 22 de setembro de 2004

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ANÁLISE

Brasil tem seu primeiro ombudsman de TV

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Aristóteles, isso não existe!" observou Caio Tulio Costa, primeiro ombudsman brasileiro, no "Roda Viva" de anteontem, que comemorou a introdução da função na TV Cultura.
O jornalista, que inaugurou o posto nesta Folha, há exatos 15 anos, advertia o atual ouvidor da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o simpático Aristóteles dos Santos, de que a informação é sempre filtrada por concepções de mundo. Alertou também sobre os limites inerentes à função, que não está livre de constrangimentos políticos e empresariais.
O programa foi didático. Saudou, explicou e divulgou a existência de um posto que visa mediar as relações entre empresas privadas e seus clientes, ou entre instituições públicas e os cidadãos, aumentando a transparência na prestação de serviços.
Não havia ninguém na berlinda, o que resultou em um clima descontraído, distante da natureza intrinsecamente conflitiva do trabalho. Situada na interface das relações internas e externas de organizações e seu público, a função supõe atender a demandas contraditórias. Além do difícil, mas crucial, papel de crítica interna.
O campo cresce. Conta com uma associação que reúne animados profissionais engajados em diferentes tipos e conceitos de atendimento. Da Autoban à Polícia Militar.
O jornalista Osvaldo Martins estréia na próxima sexta-feira na posição de primeiro ombudsman da TV brasileira, no site da emissora (www.tvcultura.com.br).
Em um leve prenúncio do esforço que o aguarda, recebeu no programa os primeiros questionamentos de telespectadores. Anunciou para novembro um programa de TV. Aceitou também a sugestão do ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, de divulgar as normas do jornalismo da casa. Há muito o que fazer para tornar transparente os mecanismos de funcionamento das emissoras de TV. Desejamos boa sorte ao primeiro ombudsman da TV brasileira.


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP


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