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ANÁLISE
Brasil tem seu primeiro ombudsman de TV
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
"Aristóteles, isso não existe!" observou Caio Tulio Costa, primeiro ombudsman brasileiro, no "Roda Viva" de anteontem,
que comemorou a introdução da
função na TV Cultura.
O jornalista, que inaugurou o
posto nesta Folha, há exatos 15
anos, advertia o atual ouvidor da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o simpático
Aristóteles dos Santos, de que a
informação é sempre filtrada por
concepções de mundo. Alertou
também sobre os limites inerentes à função, que não está livre de
constrangimentos políticos e empresariais.
O programa foi didático. Saudou, explicou e divulgou a existência de um posto que visa mediar as relações entre empresas
privadas e seus clientes, ou entre
instituições públicas e os cidadãos, aumentando a transparência na prestação de serviços.
Não havia ninguém na berlinda,
o que resultou em um clima descontraído, distante da natureza
intrinsecamente conflitiva do trabalho. Situada na interface das relações internas e externas de organizações e seu público, a função
supõe atender a demandas contraditórias. Além do difícil, mas
crucial, papel de crítica interna.
O campo cresce. Conta com
uma associação que reúne animados profissionais engajados em
diferentes tipos e conceitos de
atendimento. Da Autoban à Polícia Militar.
O jornalista Osvaldo Martins estréia na próxima sexta-feira na
posição de primeiro ombudsman
da TV brasileira, no site da emissora (www.tvcultura.com.br).
Em um leve prenúncio do esforço que o aguarda, recebeu no programa os primeiros questionamentos de telespectadores.
Anunciou para novembro um
programa de TV. Aceitou também a sugestão do ombudsman
da Folha, Marcelo Beraba, de divulgar as normas do jornalismo
da casa. Há muito o que fazer para
tornar transparente os mecanismos de funcionamento das emissoras de TV. Desejamos boa sorte
ao primeiro ombudsman da TV
brasileira.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
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