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CINEMA
Em "Mar Aberto", de Chris Kentis, o medo e o suspense não são explícitos, mas apenas sugeridos
Filme exala sensação claustrofóbica
DA REDAÇÃO
O principal elemento que cria o
medo e o suspense de "Mar Aberto" é a sugestão. Sangue, vísceras e
explosões não são as vedetes do
filme de Chris Kentis.
Após serem abandonados, o casal principal fica à deriva, à espera
de que alguma coisa aconteça.
Poucas coisas acontecem para o
telespectador também.
Kentis prefere investir na criação de um clima claustrofóbico,
apesar de o filme se passar em um
espaço aberto. O crítico norte-americano Roger Ebert, por
exemplo, disse que, após assistir
ao filme, sentiu necessidade de
"sair do cinema e dar uma volta à
luz do sol", na tentativa de se animar. "Um grande vazio se apossou de mim", escreveu no jornal
"Chicago Sun-Times".
No longa, o dia se torna noite, a
sede e a fome dos personagens
tornam-se desesperadoras e tubarões ameaçam. Para piorar a situação, a dupla resolve encenar
uma espécie de discussão de relação em plena água. Do racional,
partem para acusações e logo, para a exaustão.
Tudo, no entanto, pode ser resumido de outra forma. "Mar
Aberto" possui grande parte das
qualidades necessárias para emplacar um bom índice de terror,
seguindo a fórmula matemática
desenvolvida por uma equipe
londrina, formada por universitários do King's College.
A pesquisa, bancada pela Sky
Movies e que foi divulgada em
agosto, elegeu "O Iluminado"
(80), de Stanley Kubrick, como o
maior longa de terror de todos os
tempos. "Tubarão", de Spielberg,
comparado amplamente a "Mar
Aberto", foi considerado o melhor exemplo de filme "gore" (de
terror sanguinolento).
Entre os fatores analisados, estão o uso da música, a divisão
igualitária entre realidade e fantasia, sangue e entranhas.
Os elementos crescendo musical, desconhecido, cenas de perseguição e sensação de estar encurralado são somados e elevados ao
quadrado. Então se adiciona o valor do choque. Uma pequena gama de personagens também é positiva, porque, segundo o estudo,
o público cria uma empatia maior
com menos pessoas.
"Mar Aberto" ganha pontos
com a claustrofobia em pleno alto-mar, reinante durante todo o
filme, o pânico de os protagonistas estarem abandonados e próximos demais dos tubarões e o fato
de tudo isso ser real -o diretor
filmou com animais de verdade e
se baseou em um fato ocorrido.
Colocando tudo isso na balança,
ainda assim é muito improvável
que o longa de Chris Kentis bata o
clássico de 1980 de Kubrick. O número de lugares-comuns vai diminuir bastante o resultado final
do longa.
Com agências internacionais
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