São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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POPLOAD

Britpop volta a ser lei

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Olha ele aí! No paralelo da grande movimentação de bandas babies que chacoalha o Reino Unido e além-mar, o velho britpop ressurgiu das cinzas. O britpop, tal qual o conhecíamos, ressuscitou. Parece que o ótimo guitarrista Graham Coxon vai voltar para o Blur, depois que foi forjado um encontro amistoso com o ex-desafeto Damon Albarn. E o Blur recomposto volta a ser uma superbanda.
O amado grupo galês Manic Street Preachers volta encantado com o single "The Love of Richard Nixon", lançado nesta semana em três versões. A priori esquisita ("o que aconteceu com os Manics?"), a música vai conquistando com sua letra forte ("Ah, the love of Richard Nixon/ death without assasination /The love of Richard Nixon/ yeah they all betrayed you") e sua levada tipo... A-Ha. Delícia.
Num caso mais, hã, "nosso", a voz de Noel Gallagher, o dono do fundamental Oasis, ecoou pelo vale do Pacaembu, aqui pertinho, na noite de anteontem. Parecia ter saído da boca de um anão de filme do David Lynch. Foi quando a dupla inglesa Chemical Brothers desconstruiu aqui pertinho um próprio hit seu, "Setting Sun", que tem o vocal convidado do guitarrista do Oasis. Medo.
A contribuição Pulp para essa ressurgência do britpop da classe de 1995 vem no cinema. Foi anunciado que o adorado Jarvis Cocker vai escrever toda a trilha sonora do próximo filme do Harry Potter, o quarto. Ainda, Cocker emprestará sua cara de dândi inglês para uma cena deste "Harry Potter e o Cálice de Fogo", em participação ainda a ser definida.
Da segunda geração do britpop, o Travis vê nas próximas semanas o lançamento de uma coletânea intitulada "Travis: Singles", um embrulho do melhor que a banda construiu no reino das músicas singelas. O CD vem com um DVD que trará todos os clipes da banda, incluindo o cover de "One More Time", música original da... Britney Spears. As imagens de "One More Time" são tiradas de um programa da VH1, canal americano de música.
No estilo Coxon-Albarn, uma outra reunião de ex-amigos-inimigos é mais do que oficial: o andrógino vocalista Brett Anderson retorna às boas com o guitarrista Bernard Butler. Eles formaram uma nova banda, além do Suede. Com o nome The Tears, a dupla anunciou que o primeiro disco da parceria sai em março.
O Suede, grupo que despertava paixão incontrolável mesmo estando fora da tríade de sustentação da febre britpop (Oasis-Blur-Pulp), ainda comove, inclusive no Brasil. Leitor desta coluna, Eduardo Palandi recém-entregou à banca examinadora da Faculdade de Direito do Centro Universitário Unisal sua monografia, cujo título era "O ICMS e a Reforma Tributária".
Na lista de agradecimentos, entre familiares e professores, está Brett Anderson e sua banda, o Suede, "por trazer palavras quando simplesmente não as tinha".
Para muita gente, o britpop ainda é lei.

Furou!
Desfalque sério na temporada de grandes shows internacionais que "globalizam" o Brasil. O veterano grupo MC5, hoje dkt/MC5, não vem mais para o Festival Goiânia Noise, que acontece no final de novembro na capital de Goiás. A seminal banda de Wayne Kramer, foi anunciado, faria show único no país e talvez o derradeiro de sua volta, mas a apresentação foi cancelada por problemas financeiros.

lucio@uol.com.br


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