São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2004

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Zé Celso "abre" "Teatro Estádio" oswaldiano

DA REPORTAGEM LOCAL

Até a metade dos anos 60, José Celso Martinez Corrêa diz que tinha como único vínculo com Oswald de Andrade o fato de terem se amamentado da mesma cabra.
"Oswald morava do lado do meu avô, no Bexiga. Ele sempre aparecia de pijama listrado para comprar leite da cabra que também nos "abastecia"."
O resto da história é conhecida. Em 1967 ele tomou contato com o texto "O Rei da Vela" (pelo qual só se interessou depois de lido em voz alta pelo ator Renato Borghi) e fez história com a montagem da peça, no teatro Oficina.
E a vida de Zé Celso se dividiu no a.O, d.O. "A partir de Oswald, tudo o que fiz foi influenciado por ele. Oswald foi meu Shakespeare, meu Goethe, me trouxe a chave para toda a cultura brasileira."
A sua "devoração" das idéias do modernista, que o diretor trata como "maior filósofo brasileiro" e outros superlativos, terá nesta sexta-feira um momento dionisíaco. O fundador do Teatro Oficina diz que apresentará durante os festejos de hoje o projeto de um futuro espaço teatral "exatamente como queria Oswald".
O Teatro de Estádio foi objeto de uma disputa de 25 anos com o Grupo Silvio Santos, que pretendia cercar o espaço com um shopping. Em abril, Santos e Martinez Corrêa se encontraram pela primeira vez (depois de apelo do colunista Contardo Calligaris publicado na Folha) e "fizeram as pazes". "Agora finalmente vamos construir, e com os arquitetos que queremos, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki", diz o diretor, que lerá esta noite o "programa do teatro", segundo ele encomendado pelo Grupo Silvio Santos.
Zé Celso conta que pretende estrear o futuro espaço com a peça "O Homem e o Cavalo", que "nunca teve montagem decente".
"A contribuição de Oswald no teatro até hoje não é muito conhecida, nem no próprio meio." Apesar disso, ele faz um "balanço positivo" de meio século sem Oswald. "A obra dele funcionou como uma antena não só para mim, como para Glauber, Oiticica, Caetano e Gil. Pelo menos por meio da música, a massa come seus biscoitos finos." (CEM)


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